Eleição pode ter mais de 100 observadores internacionais Presidente do TSE, Edson Fachin quer tranquilidade eleitoral e citou a invasão do Capitólio nos EUA

Luana Patriolino
do Correio Braziliense

Publicação: 18/05/2022 03:00

O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), anunciou que a Corte pretende trazer mais de 100 observadores internacionais para acompanhar as eleições de 2022. A declaração foi dada ontem, no evento Democracia e Eleições na América Latina e os Desafios das Autoridades Eleitorais. “Nossa meta é ter mais de 100 observadores internacionais durante o processo eleitoral no Brasil”, afirmou.
 
Fachin insiste desde o começo do mês em garantir a vinda de observatórios internacionais. Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) é contra a iniciativa, chegando a fazer pressão ao Itamaraty para evitar os convites. Ontem pela manhã, o ministro também anunciou a criação de uma rede para garantir a vinda ao Brasil de observadores da União Europeia. Segundo Fachin, foram convidados para observar o Brasil, entre outras instituições, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Parlamento do Mercosul.
 
Fachin afirmou ainda que o objetivo é “garantir a vinda ao Brasil, antes e durante as eleições, não apenas dos organismos que já mencionamos, mas de diversas autoridades europeias e de outros continentes que tenham interesse em acompanhar de perto o processo eleitoral brasileiro de outubro próximo”.
 
O presidente do TSE ainda relembrou episódios de agressão diante de cenários polarizados, como, por exemplo, a invasão do Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro do ano passado, e os ataques sofridos pelo Instituto Nacional Eleitoral do México. “São exemplos do cenário externo de agressões às instituições democráticas, que não nos pode ser alheio. É um alerta para a possibilidade de regressão a que estamos sujeitos e que pode infiltrar-se em nosso ambiente nacional — na verdade, já o fez”, observou.

“Estabilidade”

Fachin também afirmou que o Brasil “não cederá a aventuras autoritárias” e que é dever da sociedade garantir estabilidade, paz e segurança. Fachin destacou que os acontecimentos do Brasil influenciam o cenário global. “De maneira ainda mais evidente, a evolução política e social da nossa região, a América Latina, não pode deixar de ser parte integrante de nossa própria evolução”, disse.
 
Sobre o processo eleitoral de 2022, o presidente do TSE ressaltou que o cenário internacional acompanha com atenção os trabalhos para garantir a lisura do pleito. “Em outros países, vários dias, por vezes semanas, se passavam sem que pudesse ser divulgado o resultado definitivo, encorajando pedidos de recontagem e recursos judiciais de todos os lados, quando não o conflito puro e aberto”, disse o magistrado.
 
“A ninguém interessa reprisar essa realidade no nosso país, cuja experiência de 25 anos com a urna eletrônica permitiu a superação dessas inquietudes. A tranquilidade eleitoral de um país das dimensões e da relevância do Brasil é, também, a tranquilidade de toda a região. Temos a consciência do nosso dever transfronteiriço”, concluiu.