PEC para barrar decisão do STF contra a imprensa Deputados federais Mendonça Filho e Kim Kataguiri, ambos do União Brasil, protocoloram a Proposta de Emenda à Constituição na Câmara dos Deputados

Publicação: 04/12/2023 03:00

O deputado federal, Mendonça Filho (União Brasil) protocolou, na última sexta-feira (1°), uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de sua autoria com o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que proíbe a responsabilização dos veículos de comunicação quanto às declarações de seus entrevistados. A medida surge em oposição a decisão polêmica tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na última semana, que responsabiliza jornais, revistas, rádios e portais jornalísticos por declarações de seus entrevistados contra terceiros se houver “indícios concretos” de que a informação é falsa. “Essa decisão é um grande equívoco e fere um dos pilares da democracia, que é a liberdade de expressão e de imprensa. O caminho não é limitar a liberdade de cada veículo, cada indivíduo deve assumir a sua responsabilidade com relação aquilo que declara, daquilo que você diz”, justificou Mendonça.

A PEC visa acrescentar um novo texto ao artigo 220 da Constituição Federal, que diz: “O veículo não poderá ser responsabilizado por manifestação de terceiro entrevistado”, ainda que em casos muito excepcionais.

“Não vai ser cerceando a liberdade de expressão e da imprensa que vai se combater o ódio da extrema esquerda e direita. É um remédio que vai virar veneno contra a democracia”, destacou Mendonça. Além da PEC, Mendonça Filho é coautor de um projeto de Lei, de autoria do deputado Kim Kataguiri, contra esta medida do STF.

O projeto prevê que os veículos de imprensa não podem ser responsabilizados civilmente por fala de entrevistado, mesmo se à época da publicação houver indícios concretos da falsidade de imputação e se o veículo deixou de observar o dever de cuidado na verificação da veracidade dos fatos”.

A decisão do STF foi tomada por 9 votos a 2 no julgamento de um caso contra o Diário de Pernambuco em uma matéria publicada em 1995 e tem gerado polêmica e reação de entidades como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), contrária à decisão do STF por entender que fera a liberdade de imprensa.