Diario esportivo

por Fred Figueiroa
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Publicação: 01/08/2018 03:00

O gol do Remo

O gol do Remo na reta final do jogo contra o ABC, no último domingo, tranquilizou o cenário de classificação para o Santa Cruz no grupo A da Série C. O time potiguar, por ter uma vitória a mais, trazia a vantagem no desempate de pontuação com Santa e Botafogo/PB. Assim permanecia concreto o risco de  27 ou 28 pontos não ser uma faixa segura de classificação. Com o resultado de Belém, a pontuação final de 28 se tornou matematicamente garantida e a de 27 só ficará sob risco em caso de vitória do ABC sobre o Náutico no próximo sábado, na Arena de Pernambuco. Inclusive, esta partida - única da penúltima rodada que será disputada no sábado - acabou tendo a importância multiplicada. Afinal ela delimitará o alcance máximo do 5º colocado e também pode permitir uma briga direta pela 2ª posição, que traz a suposta vantagem de decidir a vaga na Série B em casa.

Efeito colateral
No caso específico do Náutico, o resultado de Belém trouxe uma espécie de “efeito colateral”.  O Remo renasceu e - dependendo do que acontecer no fim de semana - pode chegar na última partida precisando da vitória contra o Alvirruro. Se desenharia assim um cenário de imensa pressão para a rodada final caso o time de Márcio Goiano não garanta ao menos o empate, em casa, no sábado. Pressão que, inclusive, já passa a incidir neste jogo contra o ABC. Claro que o Náutico é favorito. É tecnicamente superior e vem de uma longa sequência de invencibilidade - enquanto o rival patina com apresentações de baixo nível, como a do último domingo. Mas é inegável que a brecha aberta causa um certo incômodo, agravado pelo fato de uma estratégia blasé na rodada passada - quando o treinador fez experiências na equipe diante do fraco Globo.

0,7%
Matematicamente, a chance do Timbu não disputar as quartas de final é de meros 0,7% - de acordo com os cálculos do site Chance de Gol. Mesmo considerando que o time perca os dois jogos, ainda assim, o risco de não classificar subiria para apenas 10%. Números que servem para acalmar os mais tensos. Porém quando se coloca todas as possibilidades na mesa, de fato, o  perigo de uma eliminação parece ser um pouco maior.  Isto porque de toda a combinação necessária para tirar o Náutico das quartas de final, o resultado mais  improvável é justamente a derrota do próprio time para o ABC. No mais, o cenário é factível: O Santa somar 4 pontos contra Juazeirense (fora) e Salgueiro (casa); o Botafogo também somar 4 contra Globo (fora) e Juazeirense (casa); o ABC vencer o Atlético/AC, em Natal, na rodada final; e o próprio Náutico perder para o Remo em Belém. Além disso, seria necessário que o ABC tirasse a diferença de saldo que hoje é de cinco gols, mas que automaticamente cairia para um com placares simples nos 3 jogos em questão.  Listando tudo, dá pra entender melhor os 0,7%, né?

A oscilação preocupa?
Ainda pesa nesse receio criado em torno do jogo de sábado o fato de que o Náutico oscilou nas últimas partidas. Foram atuações de razoáveis para fracas contra Salgueiro, Juazeirense e Globo. Nas duas últimas, evitou o empate em casa e a derrota fora com gols em jogadas aéreas já nos acréscimos. Esses três pontinhos, logicamente, fazem uma diferença considerável no atual cenário. Porém, por trás dos pontos conseguidos, há questionamentos sobre as escalações e o desempenho da equipe. Ontem Márcio Goiano recebeu a notícia que não terá Bryan e Lelê nas próximas semanas. O atacante, aliás, não deve jogar nem mesmo as quartas de final. Mesmo com a ausência, o paraguaio Ortigoza foi mantido no time reserva durante o coletivo de ontem, com Wallace Pernambucano ganhando a posição central do ataque. Ok. A escolha é aceitável. Agora ter ao menos um dos dois jogando de frente é algo obrigatório daqui por diante.

A disputa secundária
Paralelamente à disputa pela classificação, existe a briga pelas duas primeiras posições . Apenas 3 pontos (e duas vitórias a mais) separam o líder Atlético/AC e o vice-líder Náutico de Santa e Botafogo. Assim os dois primeiros garantem a “vantagem” de decidir as quartas de final em casa com uma únia vitória nas duas próximas rodadas.  As aspas colocadas acima não são por acaso. No futebol está longe de ser um consenso que fazer o 2º jogo como mandante em uma série eliminatória é, de fato, uma vantagem. Eu, particularmente, sempre considero. Mas a história da Série C não assina em baixo.