O jogo do ano Com a expectativa de casa cheia no Arruda, Santa tenta, contra o Operário, largar em vantagem no mata-mata do acesso

texto: Daniel Leal
daniel.leal@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 18/08/2018 03:00

É chegado o momento mais importante do ano para o Santa Cruz. Aquele para o qual todo o planejamento da temporada foi traçado. Todas as contratações, idas e vindas de atletas e técnicos aconteceram. A razão de cada vitória ao longo de toda a Série C ter valido a pena. O Tricolor recebe, às 17h deste domingo, o Operário-PR, na primeira das duas partidas válidas pelas quartas de final do Brasileiro, que irá decidir o acesso à Série B. De olho na vantagem, o técnico Roberto Fernandes espera sair vitorioso do Arruda nem que seja com o placar mínimo. Para isso, seguramente, irá contar com o maior público do ano no estádio.

O melhor público em 2018 no Arruda aconteceu na 13ª rodada, na vitória por 2 a 0 sobre o Remo, quando 14.782 torcedores estiveram no José do Rêgo Maciel. Somente até esta sexta-feira, mais de 13 mil ingressos já haviam sido vendidos antecipadamente. Fator que anima Roberto Fernandes na mesma proporção que ele divide uma preocupação. Afinal, o Operário é uma equipe dura. Fez a segunda melhor campanha do Grupo B. O treinador coral espera um jogo em que o equilíbrio dê a tônica da decisão. Não em vão, fez um pedido especial à torcida ressaltando que, qualquer vantagem, mínima que seja, será de grande valor.

“Se eu tiver direito a um pedido, peço que a torcida tenha paciência. Se esse gol não sair logo, não podemos nos desequilibrar. Não podemos sair para fazer o gol de qualquer jeito e se desorganizar. Vamos jogar contra uma equipe organizada, e o caminho é pressionar de forma organizada também para construir o placar que nos interessa, que é buscar a vitória. Se buscarmos um placar mais amplo, melhor. Mas, primeiro, o foco é buscar a vitória. Saindo do Recife com uma vitória, já teremos uma vantagem interessante”, afirmou Roberto Fernandes.

A partir deste ano, não existe mais a figura do gol qualificado fora de casa. Vale ressaltar que, no histórico da Série C, em torno de 90% das equipes que conseguem sair com a vitória no primeiro jogo do mata-mata acabam classificadas para as semifinais e, consequentemente com o acesso à Série B. A seu favor, o Santa Cruz conta com a melhor defesa da competição (sofreu apenas 13 gols). Mais do que isso, não é vazada há três rodadas, desde que o goleiro Ricardo Ernesto assumiu a titularidade. Embora jogando em casa e com o bom momento a seu favor, Roberto Fernandes não vê o Tricolor como favorito.

“Se for falar de Santa Cruz e Operário e pegar a história dois clubes, quantos títulos cada um tem, número de torcedores, de participações na Série A, evidentemente que o Santa tem um peso maior. Mas isso não quer dizer é melhor, que tem uma condição de trabalho melhor, de suporte melhor. Temos consciência de tudo isso, mas em campo vamos precisar fazer o jogo do ano para conseguir o resultado que nos interessa”, pontuou.
 
O time
Após fechar uma semana de treino que classificou como “muito boa”, o técnico Roberto Fernandes adotou o mistério como estratégia para esconder a escalação. Com praticamente o elenco completo à disposição, o treinador dificilmente deverá promover alguma alteração que fuja ao tradicional. A única dúvida em evidência é na cabeça de área, onde Carlinhos Paraíba, voltando a ficar à disposição após duas rodadas, trava uma disputa com Charles. O zagueiro Danny Morais, o volante Willian Maranhão e o meia Arthur Rezende, voltando de suspensão, reforçam à equipe. “Eu tenho certeza que a equipe titular do Santa Cruz todo mundo sabe qual é. Agora, não existe uma coisa imexível”, deixou no ar.
 
Operário
Equipe mais equilibrada da Série C, presente em 17 das 18 rodadas no G4, o Operário chega ao Arruda respaldado pelo histórico recente e pela confiança da torcida. Na saída de Ponta Grossa, interior do Paraná, centenas de torcedores fizeram uma bela festa para dar força ao elenco. Classificado desde a 14ª rodada, o Fantasma é o time que mais vezes esteve na liderança do Grupo B: sete rodadas. Assim como Roberto Fernandes, o técnico Gerson Gusmão fez mistério na escalação. Mas garantiu que não irá só se defender no Arruda. “Vamos montar uma equipe para que o Operário possa ir lá e mostrar a sua força, não ir só para se defender”, ressaltou.
 
A importância da defesa eficiente
 
Desde o returno da primeira fase da Série C, o Santa Cruz está totalmente consolidado como um clube que sofre poucos gols. O momento coincide com a recente chegada do técnico Roberto Fernandes e da estabilização da zaga com a dupla Danny Morais e Sandoval. Mais recentemente, há três jogos, o panorama ficou ainda mais positivo, quando o goleiro Ricardo Ernesto ganhou a titularidade. Desde então, o clube não sofre gols.

Sob o comando de Roberto Fernandes, a equipe fez 12 partidas das quais em sete delas não sofreu gols. No total, na Série C, o Tricolor só teve sua meta vazada em 13 momentos, o que a deixa como a melhor no quesito. Um mérito que os atletas do sistema defensivo dividem com todo elenco, porém sem tirar o foco e concentração do jogo contra o Operário, às 17h do próximo domingo, no primeiro jogo válido pelas quartas de final - que vale o acesso à Série B.

“Ajuda. Se a gente não tomar gols nos dois jogos, ajuda muito. Não individualizo setores, quando a gente consegue ter a defesa menos vazada muita coisa está em jogo, desde lá na frente no ataque. Que a gente consiga fazer gols, manter a média da defesa e juntar pontos fortes para conseguir nosso objetivo”, disse Danny Morais. “O time amadureceu junto com Roberto Fernandes. Não foi um treinamento específico que deixou de ser feito antes ou é feito agora, mas a cobrança dele no geral, a movimentação, se a fica bola na frente a gente não está correndo risco de tomar gols. O time cresceu como um todo com a chegada dele. Vejo o time mais equilibrado”, acrescentou.

Na visão do zagueiro, os bons números corais não podem fazer a equipe entrar em uma espiral de confiança ao ponto de prejudicar o Santa Cruz no mata-mata. “É ter os pés no chão. O adversário se classificou muito bem, teve regularidade na primeira fase e será um jogo muito difícil. Não é porque o Arruda vai lotar e que temos mais camisa que vai ser fácil. Primeiro é ter pés no chão e acreditar muito no nosso grupo que a gente tem possibilidade de fazer grandes coisas acontecerem”, pontuou Danny.

O alerta para que a equipe não se vislumbre demais com o momento também veio do goleiro Ricardo Ernesto. “Isso dá tranquilidade a mais, mas não garante absolutamente nada. A gente sabe que esse mata-mata agora traz um campeonato totalmente à parte da primeira fase. Vão ser dois jogos de detalhes onde quem errar menos bem provavelmente conseguirá o acesso”, disse.