Diario esportivo

por Fred Figueiroa

Publicação: 02/10/2018 03:00

Quanto pior, pior?

Difícil encontrar na história do Sport uma estreia de treinador com resultado tão desastroso quanto o do último domingo, quando o time rubro-negro foi goleado pelo Atlético/MG por 5 a 2. E, pelo que se viu da partida, o placar poderia ter sido ainda maior na primeira partida sob o comando do técnico Milton Mendes. Com 32 minutos do primeiro tempo, o time da casa vencia por 4 a 1 e tinha um jogador a mais em campo. Se acelerasse o ritmo, o Galo teria feito 6,7, 8 gols… Mas quando se tem a vitória nas mãos com a margem de segurança que o Atlético tinha, o natural é realmente dosar o ritmo e administrar o resultado. O essencial desta análise não é o tamanho da goleada e sim, a vulnerabilidade do Sport. Depois de ter conseguido atingir um mínimo de competitividade nas últimas partidas sob o comando de Eduardo Baptista - que, no entanto, não foi suficiente para extrair qualquer resultado positivo - o time regrediu com Milton. Jogou de forma exposta e foi facilmente envolvido pelo adversário, mesmo tendo a sorte de fazer 1 a 0 aos seis minutos.  

Existe outro caminho?
Milton Mendes contribuiu diretamente para que o Sport perdesse o mínimo de competitividade que tinha atingido. As mudanças no sistema ofensivo acabaram expondo demais a equipe. Os três jogadores que entraram (Michel Bastos, Matheus Peixoto e Rafael Marques) não conseguiram recompor de forma correta. A primeira linha de marcação inexistiu e, assim, sobrecarregou a dupla de volantes e, consequentemente, a última linha de quarto - formada pelos zagueiros e laterais. Não por acaso, Durval, Ernando e Sander falharam tanto. Estavam expostos como há tempos o time não ficava. Mas não estou aqui para condenar a primeira interferência do novo treinador. Ele tentou e deu errado. Mas partiu do princípio que, na atual situação em que o time se encontra na classificação, ser competitivo apenas não vai salvar o rebaixamento. A esperança de reação talvez obrigue o Sport a ser mais ousado, a se expor mais. É um tudo ou nada com enorme chance de terminar em “nada”. Mas, sendo racionalmente justo, o estilo mais comedido de Eduardo também não dava sinais de que teria um destino diferente.  

Cobertor curto
Parece meio óbvio que o cobertor é curto e que, para onde quer que tente uma saída, o Sport acabará encontrando um abismo. O rebaixamento está desenhado e se materializando a cada rodada. E sua raiz está na paralisação para a Copa do Mundo e uma série de erros cometidos ali pelo ex-técnico e por toda a cúpula de futebol do clube (do ex-vice Guilherme Beltrão ao presidente Arnaldo Barros). Mas este é um tema para aprofundar em outro momento. Agora o foco está na fresta de chance que resiste. Partir para a frieza dos números só agrava o cenário. É senso comum falar na obrigação de 7 vitórias nas últimas 11 partidas. Não sigo esta linha. Vejo uma possibilidade real de permanência com 6 vitórias ou mesmo 5 vitórias e dois ou três empates. Mas estes cálculos não cabem agora. Não se pode falar em 5, 6 ou 7 vitórias antes do time conseguir a primeira. Antes da equipe mostrar novamente que pode ser competitiva. E, na era Milton Mendes, ser competitivo - ao que parece - será jogar no mais alto risco. Este risco, está claro, é inerente à atual condição do Sport na Série A.  

Quanto pior, melhor?
Por isso, respondo à pergunta do título desta análise: Quanto pior, pior? Não. A piora demonstrada na estreia de Milton Mendes, neste caso, pode ser interpretada como parte de um processo de mudança de conceito de atuação. E, sendo assim, com dois dias de trabalho apenas, apesar de indicar onde Milton errou, considero que os erros são aceitáveis. O fundamental é que fiquem as lições. Existem formas de tentar montar a equipe com um pouco mais de segurança.