Volta por cima Pouco tempo depois de ter sido afastado do time, Michel Bastos ganhou uma chance de Milton Mendes e, como um falso 9, não desapontou

Brenno Costa
brenno.costa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 11/10/2018 03:00

“Não vou mentir. Molharam minha mão para eu estar aqui.” Foi brincando que Michel Bastos chegou à sala de imprensa do CT do Sport, ontem. Mas, quando as perguntas começaram, o tom foi de seriedade. Sem o hábito de aparecer para conceder entrevistas coletivas, o meia tinha muito a falar. Até porque viveu um turbilhão desde que chegou ao Rubro-negro.

Contratado junto ao Palmeiras, o atleta chegou para ser referência no clube. Mas teve poucas atuações seguras e chegou a ser afastado pela antiga diretoria da lista de atletas relacionados aos jogos junto com o volante Fellipe Bastos. Reintegrado por Milton Mendes, o atleta de 35 anos voltou a ser titular em uma função de falso 9 e ganhou confiança.

Nesse novo momento, Michel Bastos revelou que quer livrar o Sport do rebaixamento para renovar por mais um ano, disse que não pensa em parar de jogar aos 35 anos e ainda deu detalhes do período em que ficou sem atuar no Leão. Entre outros pontos, admitiu que “odeia” ficar entre os reservas e garantiu que foi ele quem escolheu o clube rubro-negro diante da possibilidade de ser uma referência. Confira abaixo as falas do jogador, que tem acordo com o Sport até o fim deste ano.
 
Entrevista - Michel Bastos // meia do Sport

Jogar como centroavante

Eu realmente não sou centroavante, mas o Milton contra o Atlético me colocou nesta posição e eu consegui mostrar a ele que teria condições de jogar. Quem conhecia minha condição, até pouco tempo, e voltar a estar jogando, independente da minha posição, é a minha intenção. Desde que eu cheguei aqui, coloquei que estou à disposição do clube, à disposição do treinador, é lógico que possuo minhas preferências, que é o jogo aberto, mas como já falei, eu vim aqui para ajudar o Sport, para jogar, e fico feliz de estar jogando, independentemente da posição.

O tempo fora

Foi difícil. Difícil porque eu escolhi estar aqui, não foi o Sport que me escolheu. Foi uma vontade minha, pelo fato de ter a oportunidade de chegar em um clube e ser referência. Foi por isso que eu vim e, realmente, pediram  a minha saída, o porquê, até hoje eu não sei. Eu fui contra, porque eu vim para ajudar o Sport, não deixar o Sport em uma posição onde ele perderia a Série A e como eu falei, vim para jogar, para ser referência.

A saída do time
Foi um pedido da diretoria (que depois entregou o cargo e era liderada por Guilherme Beltrão) depois do jogo contra o Bahia. Após o pedido, eu fui contra. Como já falei, vim para cá para ajudar o Sport. Fui totalmente contra a decisão da diretoria. Não posso dar mais detalhes porque não sei o motivo. Sinceramente, não sei tanto que era uma das coisas que mais buscava o porquê para poder explicar para minha família, minha esposa, meus filhos. Eu tenho um filho de 12 anos que ama futebol. Ele via o pai chegando em casa triste e chateado por uma situação que ele não sabia o porquê, dele ir para escola e ser perguntado pelos amiguinhos porque seu pai não está jogando e o que ele fez. A imagem que passa é que você fez algo errado. Eu sempre fui profissional. Sempre dei meu melhor.

Odiar a reserva
Sobre altos e baixos, eu vou ser bem sincero. O fato de eu não ter tido uma sequência melhor foi eu ter ficado muito tempo de fora. Lógico, ficam falando “ah! O Michel não gosta de ficar no banco”. Quem é que gosta? Qual o atleta que gosta? Às vezes, você não concordar é uma coisa, mas você tem que respeitar a decisão do treinador. Eu sempre respeitei. Concordar, às vezes, não. Mas, respeitar? Sempre.

Planos para o Sport

Minha grande vontade de tirar o Sport dessa situação é porque isso vai me garantir mais um ano vestindo essa camisa. É meu maior objetivo. Eu não vim aqui para ter uma passagem curta no clube, vim para ser referência e fazer história dentro do clube. Lógico que sempre com os pés no chão, trabalhando, acho que pela situação que eu passei, não tem nada melhor do que reverter essa situação do clube e isso só se faz dentro de campo.

Apoio do elenco

Eu vou ser bem sincero com vocês. Um dos maiores, se não o maior motivo meu, e posso até falar por Fellipe, de a gente não ter baixado a cabeça, mesmo diante da situação que a gente se encontrava,  foi o grupo. A gente sabia que o grupo estava com a gente. Sentia que o grupo, como a gente, sentiu o baque pela nossa situação, até porque ninguém entendia a decisão que foi tomada da nossa saída. A gente vê na imprensa que o motivo da nossa saída foram as postagens polêmicas. Foi pedida a nossa saída bem antes dessas postagens. Então, o motivo eu não sei sinceramente.

Trabalho de Milton Mendes resgatando atletas
A gente captou bem o novo método de trabalho do treinador. Eu sempre fui a favor daquele treinador com um pouco do lado de psicologia para poder trabalhar a cabeça do grupo. Acho que isso é importante. O Milton é assim. Ele é um cara que trata todos da mesma maneira. No dia a dia, sempre almoça com a gente. Fica com todo mundo na mesma mesa. Conversa com todo mundo da mesma forma, sempre falando com um e com outro. Ele só pode colocar 11 dentro de campo. Eu sei que essa hora é uma hora difícil para o treinador, ainda mais quando tem um grupo de qualidade.

Time quase pronto

Com tempo para trabalhar o time do Sport, o técnico Milton Mendes deu novos sinais da equipe titular que irá a campo para enfrentar o Atlético-PR, às 19h do próximo domingo, na Arena da Baixada, e ainda fez testes, provavelmente, para o decorrer do confronto. Sem contar com o lateral esquerdo Sander e o volante Jair, suspensos, os substitutos escolhidos pelo segundo trabalho seguido foram Evandro e Fellipe Bastos, respectivamente. A única interrogação, até o momento, recai sobre a defesa. Sem lesão, mas com dores na coxa esquerda, Ronaldo Alves só deve voltar a treinar hoje e disputa uma vaga com Ernando.

No trabalho de ontem pela manhã, no CT do Leão, Milton Mendes montou a equipe em um treino coletivo. Além do aspecto tático, o treinador mostrou preocupação com o jogo mais veloz propiciado pela grama sintética da Arena da Baixada. Com isso, o campo foi molhado para simular as condições da partida.

Nesse terreno, o comandante montou o seguinte time titular: Magrão; Raul Prata, Adryelson, Ernando e Evandro; Marcão, Fellipe Bastos, Gabriel, Marlone e Mateus Gonçalves; Michel Bastos. Durante a movimentação, Milton Mendes orientou bastante a equipe titular e mostrou, em dois momentos, preocupação com a saída de jogo de Raul Prata. Na primeira vez, o lateral errou ao não sair tocando para Marcão. Depois, fechou pelo meio em vez de abrir e dar opção a Gabriel para trocar passes.

Já o time reserva foi formado por: Mailson; Cláudio Winck; Ferreira, Léo Ortiz e Morato; Deivid, Nonoca, Rafael Marques, Neto Moura e Andrigo; Matheus Peixoto. Sander, que já está suspenso, segue em um trabalho de recuperação das dores do tornozelo que já se queixava. Com isso, Morato foi improvisado no setor.

Já os zagueiros Max e Durval ficaram na academia realizando reforço muscular e não foram a campo. Durval, por sinal, virou reserva após ser expulso na goleada por 5 a 2 para o Atlético-MG e ter uma atuação com falhas em três gols do rival. Sem essas peças, Ferreira também precisou ser improvisado na defesa.