Diario esportivo

por Fred Figueiroa
Twitter: @fredfigueiroa
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Publicação: 01/11/2018 09:00

As missões

A primeira missão do técnico Milton Mendes era evitar a desmobilização definitiva do Sport na temporada. Algo que estava muito de acontecer. Pouco mais de sete mil torcedores estavam na Ilha do Retiro na noite da vitória sobre o Inter. A segunda missão foi a sobrevida. E esta veio sobre o Vasco. De novo em casa, o time venceu com um roteiro dramático. Faltava uma vitória fora de casa para a terceira missão ser concluída. O time B do Grêmio abriu uma brecha e o Leão - em uma montanha russa de acertos e erros - conseguiu o passo necessário para subir um degrau e se aproximar do bloco de clubes que disputam diretamente a permanência. O Sport agora entra uma sequência de três jogos em casa nas próximas quatro rodadas. A permanência, naturalmente, passa pelo desempenho neste recorte da tabela.

Reação moral
A sequência rubro-negra terá Ceará (casa), Fluminense (fora), Vitória (casa) e Flamengo (fora). O primeiro jogo é crucial. Por ser um confronto direto, pelo alto grau de dificuldade (a ascensão do Ceará é um capítulo à parte) e, fundamentalmente, pelo aspecto emocional. O Sport hoje recuperou a confiança da fase pré-Copa do Mundo. O time voltou a se sentir capaz de vencer as partidas em casa - mesmo que não tenha a qualidade ou muito menos a regularidade suficiente para ter uma margem mínima de segurança dentro dos jogos. Os resultados estão vindo no limite, mas, de alguma forma, os roteiros dramáticos também acabam dando mais corpo à equipe. Até mesmo o fato de ter evitado o rebaixamento com boas sequências na reta final de 2016 e 2017 traz um efeito moral positivo neste momento. De fora pra dentro. A torcida acredita na permanência. Onde que chegar com essas considerações? Na conclusão fria que aspecto emocional do Sport hoje é superior ao desempenho técnico.

De volta à trilogia
Mas que fique claro: Não estou minimizando a importância do fortalecimento moral. Pelo contrário. Ele é determinante justamente nesta série que, há algumas semanas, já projetava como “trilogia da permanência” - afirmando que a chance do Sport evitar a queda passava necessariamente pelos 100% de aproveitamento contra Vasco, Ceará e Vitória. São três times de porte técnico equivalente. Isso ficou claro no duelo que abriu a trilogia. O Leão foi superior ao Vasco e poderia ter tido uma vitória mais segura não fossem detalhes que aumentaram a pressão: O primeiro gol do adversário em posição de impedimento, o gol anulado de Andrigo com clara interferência externa e, por fim, o pênalti perdido por Gabriel. Fundamental ressaltar que, do primeiro ao último minuto, o Sport se mostrou um time determinado, atento, esforçado. São adjetivos que vêm à frente de qualquer referência técnica ou tática. E eles serão obrigatório nas partidas contra Ceará e Vitória. São os jogos-chave.

O Ceará
Não há dúvidas que o jogo contra o Ceará terá um grau de dificuldade maior que a partida diante do Vasco. Pelo simples fato de que o time de Lisca tem uma confiança ainda mais sólida que a do Sport e um nível de atuação muito mais competitivo. Não por acaso, é o quinto melhor time do returno da Série A. O alvinegro joga bem fora de casa. Marcação encaixada, dando pouco espaço, forçando que o adversário recorra aos cruzamentos na área. A eficiência se completa com jogadores atentos, comentendo pouquíssimos erros, e um goleiro em fase espetacular. Tem sido difícil criar chances contra o Ceará. E, como se não bastasse, o contra-ataque é muito bem treinado. A vitória sobre o Cruzeiro, em Minas, se deu com este roteiro. Para a próxima segunda, Lista terá três ausências no time titular: o lateral-direito Samuel Xavier (pertence ao Sport), o meia Richardson (suspenso) e o atacante Juninho Quixadá (lesionado e fora do restante do Brasileiro). São peças importantes - mas existe “vida” no time sem eles. 

Sem Sander?
Do lado do Sport, o técnico Milton Mendes sinaliza a manutenção do time pelo terceiro jogo consecutivo. Para isso, entretanto, depende das recuperações de Jair e Sander. Ambos não treinaram ontem. O volante preocupa menos. Tudo indica que está com plenas condições na segunda-feira. Já Sander está com o tornozelo inchado e corre risco de ser um desfalque. Se confirmado, fará muita falta. Sua intensidade é fundamental para que o Sport de Mendes funcione. Ele dá todo o suporte para a atuação ofensiva de Matheus pela esquerda - que virou o principal escape do ataque. Sem Sander, o técnico trabalha com duas alternativas: O garoto Evandro (foi muito apagado contra o Atlético/PR) e o zagueiro Ernando improvisado. Prata, que várias vezes deu conta do recado na esquerda, ainda não foi testado pelo atual técnico no setor. Para dar o suporte à Matheus - e isso será necessário -, arrisco dizer que o caminho natural caso o titular não jogue, será mesmo a improvisação de Ernando. E se isso acontecer, ainda considero a hipótese de mudar a composição ofensiva, tirando Hernane e colocando um atacante com maior poder de recomposição. No caso, Rogério. Ou mesmo adiantar Michel Bastos e acionar Marlone ou Felipe Bastos no meio.