Desgaste entre clube e ídolo TRT acata liminar de Magrão e anula suspensão de repactuação conseguida pelo Sport; clube cita imagem que "Alessandro Beti Rosa insiste em manchar"

Geraldo Rodrigues
Especial para o Diario
esportes@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 30/05/2020 03:00

A história do Sport e de Magrão ganhou mais alguns capítulos nos últimos dias, que começaram com entraves judiciais chegando até troca de farpas entre o clube e o ex-goleiro. O episódio mais recente foi a liminar obtida pelo ídolo que anula a suspensão da repactuação conseguida pelo Leão na justiça em cima do acordo feito entre as partes em junho de 2019 para saldar a dívida de R$ 1.825.000,00. Por isso, é necessária uma retrospectiva para compreender melhor o caso.

Ali, quando Magrão deixou o Sport, foi feito um acerto amigável que o ex-goleiro receberia o valor em 44 parcelas de R$ 42.613,66, que vinham sendo pagas pelo clube de agosto até março de ano. Sendo que, por conta da pandemia do coronavírus, o Leão propôs uma repactuação das parcelas por quatro meses, uma vez que teria a condição financeira afetada pela inatividade, o que foi aceito de forma amigável por Magrão.

Ficou acordado, então, que o Sport não pagaria nada em abril e junho, enquanto em maio e julho quitaria apenas 50% (R$ 21.306,83), voltando a arcar com o valor integral em agosto e descontando a economia de mais de R$ 128 mil no período somente em 2023, após o fim das parcelas. No entanto, neste mês, perto de vencer o pagamento de maio, o clube entrou na justiça solicitando a suspensão desta repactuação, alegando inexistência de receitas por causa do problema de saúde vivido no Brasil. E o pedido foi acatado, com o Leão conseguindo postergar o pagamento das parcelas por até 90 dias após a volta do futebol - o que ainda não tem data para ocorrer.

A conduta do Sport chateou Magrão. O advogado do ex-goleiro, Leonardo Laporta, afirmou prontamente que iria recorrer, enquanto o ídolo rubro-negro teceu críticas na última quinta-feira. “Disseram que não têm condições de pagar, que não vão, só daqui a 120 dias. Eu falei ‘opa, peraí’. Estou querendo ajudar, mas a gente vê que algumas pessoas usam a pandemia, dificuldades, para fazer safadeza”, disse. “A gente vê um pouco de mau-caráter da parte  das pessoas que estão tomando à frente dessa situação em relação ao Sport”, desabafou em entrevista ao jornalista Jorge Nicola

Liminar
Nesta sexta-feira, o goleiro conseguiu liminar, que anula a suspensão da repactuação obtida pelo Sport, voltando a vigorar o acordo feito para os quatro meses durante a pandemia - assim, o clube está com a parcela de maio em atraso e correndo juros. Assim, foi a vez do vice-presidente jurídico leonino, Manoel Veloso, fazer críticas e dizer que vai recorrer. “Achávamos que a não concordância em suspender os pagamentos havia sido uma decisão unilateral de seu advogado e não do nosso ídolo Magrão. Mas após a deselegância do Sr. Alessandro, que ofendeu a nós (que estamos tentando gerir uma crise financeira sem precedentes no clube), tivemos certeza que a decisão partiu dele. Uma pena, apenas direi isso, melhor preservar a imagem do ídolo Magrão que o Sr. Alessandro Beti Rosa insiste em manchar”.

Leonardo Laporta falou sobre a obtenção da liminar e o ponto de vista do ex-goleiro. “Pelo relacionamento que Magrão tem, entendemos a situação e aceitamos o que foi proposto pelo Sport. Então já houve por parte de Magrão uma reciprocidade. Mas aí vem de maneira unilateral pedir a Justiça que suspenda a repactuação, ele ficou ofendido”, disse. “A resposta da Justiça o deixou confortável. Não pela parcela, não é essa a questão. Mas pelo compromisso”, finalizou em entrevista à Rádio Transamérica.