Um personagem muito além do futebol

Publicação: 26/11/2020 03:00

Seja no cinema, como o filme palestino As pernas de Maradona, em cartaz no Festival CineFoot, seja na música, haja vista que El Pibe foi importante pilar para o rock argentino da década de 1980, as jogadas do craque inspiraram milhares de artistas mundo afora. Apaixonado por cumbia villera e tango, gêneros portenhos, Maradona foi tema de canções de artistas variados, como o trapper espanhol WE DUBAI e o lendário roqueiro argentino Charly García, que compôs a música Maradona Blues.

Em 1997, quando Diego Maradona, em sua última partida vestindo azul e ouro, na Bombonera, disse que “el potrero y la pelota no se manchan” (o pasto e a bola não se mancham) - deixando claro que seus problemas pessoais não mudam a história que ele fez em campo -, El Pibe foi poeta. Quem observou isso foi Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio. Em seu livro Futebol ao sol e à sombra, o autor escreveu um capítulo somente para o seu ídolo argentino. Argumentando que Diego foi o mais humano dos deuses, o uruguaio sintetizou o que Maradona fez nos quase 20 anos de carreira.

“Maradona é incontrolável quando fala, mas muito mais quando joga: não há quem possa prever as diabruras deste criador de surpresas, que jamais se repete e goza desconcertando os computadores. Seus malabarismos inflamam o campo. Ele pode resolver uma partida disparando um tiro fulminante de costas para o gol ou servindo um passe impossível, de longe, quando está cercado por milhares de pernas inimigas”.