Entrevista - Bruno Becker // candidato da chapa Náutico Sustentável

Publicação: 30/11/2021 03:00

QUEM É BRUNO BECKER?
Sempre fui torcedor de arquibancada. Em 2016 ingressei no clube como conselheiro. No primeiro ano, eu mais escutei do que falei. Um ano de muito aprendizado. Em 2017, permaneci no conselho e participei da comissão eleitoral. Logo depois, houve o convite para eu integrar o departamento jurídico do executivo do clube. Entrei em 2018 como diretor jurídico, e em 2020, passei a ser o vice-presidente jurídico. Fiquei até o final de outubro de 2021, quando decidi sair da gestão. Na minha vida pessoal, sou um advogado atuante. Estou à disposição do clube. Sempre tive minhas ideias, e essa eleição é uma oportunidade.

COMO SERÁ A GESTÃO DE FUTEBOL?

O problema do futebol do Náutico não são as pessoas que estão hoje. O problema da atual gestão é conceitual. Todo o staff é competente. O departamento de futebol do clube foi gerido nos últimos anos de uma forma muito centralizada no vice-presidente de futebol. Quase todas as decisões passavam por ele. Ele que iniciava uma negociação, decidia, e apenas comunicava. No ambiente em que os profissionais que entendem na matéria não podem agir com autonomia, automaticamente, esses profissionais não desenvolvem o potencial que tem. Primeiramente, o processo decisório do Náutico tem que mudar. Eu penso que a espinha dorsal deve permanecer. [...] A novidade será o diretor de futebol, que será Ítalo Braga. Ele foi diretor de esportes olímpicos, passou pela diretoria de patrimônio, já foi diretor de base e diretor de futebol no ano.

ELENCO PARA 2022

Nosso treinador tem contrato até o final de 2022. Independente disso, não vejo motivos para a gente não manter Hélio, Guilherme, Marcelo e o executivo de futebol, Ari. Eles já mostraram que têm capacidade. O que tem que ser feito é deixar eles trabalharem com autonomia, respeitando um projeto, um conceito maior do clube. Eles precisam tomar decisões baseados em critérios técnicos, não em forma de gratidão ou de achismo de um diretor. Ficou claro que o planejamento do elenco esse ano foi mal feito. Talvez por uma falsa impressão que o título pernambucano deu. Quando a gente foi para um calendário com uma intensidade maior de jogos, na Série B, o elenco mostrou carências. Isso precisa ser corrigido, até porque ano que vem temos o calendário cheio. O tempo entre assumir e o começo do estadual é muito pequeno. Não começamos as “negociações” por questões éticas, já que não estamos no clube. Hoje, permanece o desejo da atual gestão.

E O PROCESSO DE CONTRATAÇÃO?

Eu penso que não pode ser centralizada em uma pessoa. O processo de contratação é mais complexo do que a gente imagina. São inúmeras variáveis. Questão técnica, competitividade, financeira, polivalência. Não adianta a gente trazer um jogador de nível técnico alto, mas que vem de um ano sem jogar. Ele não vai aguentar um ritmo mais intenso. Quem vai fazer essa avaliação são os profissionais capacitados para isso. A fisiologia vai opinar, o executivo, o treinador, a análise de desempenho, todos.

QUAIS OS PLANOS PARA AS DÍVIDAS E PASSIVO?

Sem dúvida a principal política é dar um choque administrativo de gestão. Trazer para o clube as práticas básicas, no início, de toda empresa. Estabelecer um setor de controle interno, de governança corporativa, de ética. Estruturar todos os departamentos tal qual nas empresas. Dentro disso, se enquadra o jurídico do clube. Minha ideia é ampliar o jurídico e deixar de gerenciar passivo. Ao longo dos últimos 15, 20 anos, o clube vem gerindo passivo. É diferente de reduzir passivo. Hoje, o passivo trabalhista está sendo gerenciado, o que não significa que ele está diminuindo. A ideia é diminuir. A lei da Sociedade Anônima do Futebol, que passou a valer recentemente, é extremamente moderna, que permite que o clube faça um plano de pagamento, que pode ser realizado em até 10 anos, que possibilita que o clube diminua o valor junto ao credor. Isso é feito em comum acordo com os credores. Dessa forma, passa uma segurança de que o credor irá receber. Isso vai para homologação judicial, então precisa ser cumprido. Se não realizar, o gestor também pode ser punido. O passivo hoje é em torno de R$ 50 milhões. A gente consegue, facilmente, apresentar um plano de pagamento reduzindo para R$ 30 milhões. Se colocar isso em 10 anos, vou pagar menos de R$ 300 mil por mês, o que é menos do que a gente deixa na Justiça hoje.