A releitura do Cobogó de Pernambuco Designer usa elemento da arquitetura moderna para fazer papéis de parede e capas de livros, entre outras aplicações

ROSÁLIA VASCONCELOS
rosaliavasconcelos.pe@dabr.com.br

Publicação: 17/05/2014 03:00

Guilherme Luigi documentou e digitalizou cobogós (PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS)
Guilherme Luigi documentou e digitalizou cobogós
Elemento central de grandes projetos arquitetônicos modernos do início do século 20 e peça fundamental de construções populares até hoje, a estética do cobogó tem ido além de sua função urbanística: escapa do lugar comum da alvenaria e empresta suas formas para as produções gráficas e culturais no estado. A proposta foi do designer pernambucano Guilherme Luigi. Ele documentou e digitalizou os traços de cobogós existentes em construções pernambucanas. A ideia é que os desenhos ganhem uma nova leitura na arquitetura urbana e se perpetuem como patrimônio urbanístico em outros tipos de criações, como em objetos de decoração, capas de livros e CD, papéis de parede, encadernações, campanhas publicitárias, revestimentos de almofadas e luminárias, entre outros usos possíveis.

“Identifiquei a geometria por trás do cobogós para reinserir graficamente essa estética genuinamente pernambucana em outros aspectos do cotidiano”, define Luigi. O projeto do designer foi divulgado em setembro do ano passado, quando do lançamento do livro O Cobogó de Pernambuco, do fotógrafo Josivan Rodrigues e dos arquitetos Cristiano Borba e Antenor Vieira (falecido ano passado, antes do livro ser impresso). “Quis iconografar elementos urbanísticos definidores de Pernambuco para ir além da caatinga e do frevo”, propõe.

Elemento foi introduzido no começo do século 20 (PAULO PAIVA/DP/D.A PRESS)
Elemento foi introduzido no começo do século 20
Para mapear os desenhos existentes, foram realizadas duas campanhas: uma no Festival de Inverno de Garanhuns - quando foram espalhados lambe-lambes por toda a cidade com desenhos de cobogós - e no Facebook, quando incentivou seguidores da fan page a enviar os mais diferentes cobogós encontrados tanto em lugares públicos - como os prédios da Sudene e da Caixa D’água de Olinda - quanto em espaços privados.

Com os traços em mãos, o designer elabora uma família de 72 fontes digitais, a Dingbat Cobogó (quando ao invés letras e números, a fonte é formada por ícones e símbolos). “Para disseminar a estética, estou disponibilizando o material, gratuitamente, na internet, através do site dingbatcobogo.com.br”, salienta.

Estética
A paisagem construída da urbes sempre fez parte do olhar de Josivan Rodrigues. “Me chamavam a atenção os traços e a funcionalidade desse recurso da alvenaria, que servia para ventilar e iluminar, a dividir sem isolar.”, explica.