O Recife do segundo imperador Visita de Dom Pedro II em 1859 deixou heranças como o recém-reformado cais em Santo Antônio

Tânia Passos
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Publicação: 29/10/2016 09:00

Novo espaço de contemplação do Centro do Recife, a estação Cais do Imperador é também uma oportunidade de aprender um pouco mais sobre a história da cidade. O local foi cenário do desembarque de dom Pedro II, em 1859, em visita à província de Pernambuco. O relato histórico da chegada do monarca e da imperatriz Thereza Cristina pode ser conferido em quatro painéis bilíngues na entrada do cais, com informações e fotos antigas. A passagem dele, no entanto, também deixou como legados a Rua do Imperador e o nome do Palácio do Campo das Princesas, em referência às filhas de Pedro II, Isabel e Leopoldina. Construída em 1841, a sede do poder estadual foi reformada para a visita.

A vinda de dom Pedro II  foi informada com muita antecedência para serem feitos os preparativos. A preocupação era tanto em relação às acomodações e também para deixar a cidade bonita e iluminada e causar uma boa impressão à família imperial.“Nas ruas foram colocados lampiões de lata para dar a impressão de uma cidade muito iluminada. Já o palácio, embora estivesse concluído, não tinha móveis e foi preciso pedir às famílias tradicionais do Recife mobília e utensílios para deixar o palácio em condições de receber a família real”, conta o arquiteto José Luiz da Mota Menezes.

Após o desembarque, o cortejo passou pela Praça Dezessete, que hoje não faz nenhuma referência a esse fato. No local há um monumento em homenagem aos aviadores portugueses lembrando a primeira travessia do Atlântico Sul feita por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. De lá, o cortejo seguiu pela Rua do Imperador (que antes se chamava Rua da Cadeia Nova) até o Campo de Honra, atual Praça da República. “O imperador ficou hospedado no Palácio do Governo, mas não quis tomar banho no banheiro externo. Ele achava que a água do rio era poluída e preferiu a banheira”, disse José Mota Menezes.

O palácio foi construído pelo governador Francisco do Rêgo Barro, em 1840, próximo do local onde existiu o Palácio de Friburgo, erguido durante o domínio holandês.

Em sua visita, Dom Pedro II permaneceu na província de Pernambuco por duas semanas. Além de visitar vários lugares na própria cidade, como o Sítio da Jaqueira, onde foi a cavalo, o imperador também visitou locais como Engenho de Moreno, onde ele se hospedou com a família.

“Eu não sabia que o imperador havia desembarcado neste cais”, afirmou o analista contábil Cristiano Belarmino, que foi conhecer o novo espaço com a namorada Ana Caroline Félix. “Além da história, a vista é linda e o espaço agradável”, completou Caroline. Antes da requalificação, o local servia de estacionamento. A reforma demorou um ano e custou R$ 900 mil. A estação ecoturística tem 598 metros quadrados e conta com praça de contemplação, esplanada para eventos e café-bar gerido por uma rede privada. Um dos destaques é o projeto luminotécnico, com mais de 100 pontos de luz de LED.

Um rei entre nós
  • Cerca de 40 mil pessoas foram recepcionar o imperador no cais e as ruas receberam iluminação especial para a ocasião
  • Nenhuma prisão foi efetuada por ocasião do desembarque do imperador
  • 120 meninas de diferentes escolas e vestidas de branco também recepcionaram o imperador
  • Em passeio pela região portuária o imperador conversou com o prático e recebeu dele um astrolábio do século 16
  • Dom Pedro foi até o Sítio da Jaqueira a cavalo para conhecer o local
  • O imperador também visitou o Ginásio Pernambucano e elogiou o ensino do francês
  • A imperatriz Thereza Cristina ficou hospedada em uma casa na Benfica, onde hoje é um quartel
  • A Associação Comercial de Pernambuco ofereceu baile para dois mil convidados
  • O baile aconteceu no prédio do Hospital Dom Pedro II,  projeto de Mamede Ferreira