Volta ao mundo nas asas da Gigante Em busca do 10º título seguido, escola homenageia ave símbolo em enredo que destaca diversas culturas

MARIANA FABRÍCIO
marianafabricio@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/01/2017 03:00

Comemorando Bodas de Brilhante e nove títulos consecutivos no concurso carnavalesco do Recife, a Gigante do Samba vai desfilar em 2017 homenageando a águia, símbolo da agremiação. Seguindo o samba-enredo que tem como refrão Eu sou águia e tenho sorte. Sou verde e branco, sou gigante até a morte, os dois mil membros vão relembrar a história de resistência da escola de Água Fria, que nunca deixou de desfilar desde a fundação em 1942.

O desfile vai contar a história de cinco impérios em que a águia atravessou até chegar à agremiação. O tema virá como referência à história da própria escola. Apresentando o tema Vitórias e conquistas, a Gigante vai relembrar apresentações que fez em países como Japão, Alemanha, Portugal e França.

A produção do desfile começou em julho do ano passado continua até o sábado de Zé Pereira. O principal desafio são os detalhes e a diversidade de cada cultura retratada. Serão 20 alas acompanhando cinco carros e três destaques. Entre os personagens mais trabalhosos estão um dragão e uma serpente que medem, aproximadamente, 13 metros, e duas águias de quatro metros cada.

A preparação, que custa cerca de R$ 250 mil por ano, precisou da garra e paixão de quem está na escola desde criança. Aos 86 anos, Odília dos Santos chega todos os dias às 5h à quadra para costurar, bordar e acertar os últimos detalhes de cada alegoria, incluindo adereços da ala das baianas, da qual faz parte a aposentada, que começou a desfilar com a mãe. “Todo ano é a mesma emoção, mas como a gente vem de muitas vitórias seguidas, ninguém quer perder”, diz.

Durante os 75 anos da Gigante, nem nos momentos mais difíceis os membros pensaram em parar. Intérprete há 45 anos, Paulinho da Gigante precisou superar muitos obstáculos para guiar uma bateria com mais de 150 músicos. “A gente se prepara o ano todo, mas na hora tudo pode acontecer. Um dia antes do carnaval já perdemos um ritmista em um acidente de carro. Há uns dez anos atrás a escola quase não sai porque estava passando por dificuldade financeira, mas demos a volta por cima.”

A persistência é um dos principais ingredientes para fazer samba no Recife, segundo Rivaldo Lacerda, presidente da Gigante. Sem contar com grandes patrocínios, a escola encontra reforço na própria comunidade. “Claro que ter ganho esses nove anos consecutivos nos ajuda porque temos o valor da premiação, mas todo carnaval é um desafio maior”, comenta o gestor da agremiação.

Números
  • 1,8 mil pessoas participarão do desfile da escola.
  • 150 músicos compõem a bateria da Gigante do Samba
  • 20 alas e cinco carros alegóricos vão integrar o desfile
  • R$ 250 mil é o custo estimado para a preparação do canaval