Tragédia em Serrambi termina com três mortos Um fotógrafo identificado como Paulo Robert tirou a própria vida após matar a ex e o pai dela

Publicação: 13/10/2017 09:00

Uma tragédia marcou o início do feriadão no Condomínio Enseadinha, na Praia de Serrambi, em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife.

Depois de matar com tiros a ex-namorada, o pai dela  e atirar contra a ex-sogra, o fotógrafo Paulo Roberto Correia da Silva, 30 anos, o Paulo Robert, tirou a própria vida. As primeiras investigações da polícia apontam que ele não aceitava o fim do relacionamento, o que teria motivado mais um crime de feminicídio no estado. A família também não estaria satisfeita com o namoro.

O crime aconteceu por volta das 20h, na cozinha do imóvel da família da estudante Paula Maria Alencar Régis, 20. No local também estavam o pai  dela, Ênio Régis, 58, e a esposa dele, Suzana Régis, que foi levada por uma equipe do posto de saúde de Serrambi para o Hospital Dom Helder Câmara. Um irmão do acusado foi ao local do crime, mas até o fechamento desta edição, à 1h de hoje, não quis falar com a imprensa.

No Facebook, Paulo identificava-se como diretor executivo da empresa Photoline. No dia 15 de agosto, postou na mesma rede social que estava em “relacionamento” sério. O fotógrafo foi casado antes de se envolver com Paula. Morava em Nossa Senhora do Ó e deixou uma filha com 6 anos.

Paula Régis atuava em movimentos de proteção à natureza e lutava, inclusive, contra a derrubada de coqueiros nas praias de Serrambi e Porto de Galinhas, em Ipojuca.

O pai Ênio era conhecido como Biela do Tubarão da Panela, uma troça carnavalesca. Ele defendia a matança de tubarões como forma de reduzir os ataques na orla pernambucana e chegou a ser processado por representantes de entidades ambientalistas por calúnia e difamação. Em uma das postagens, identifica-se como médico no Hospital da Restauração, mas teria tido o CRM cancelado.

Policiais militares do 18º Batalhão não encontraram veículo na casa que poderia ter sido usado por Paulo Robert para chegar ao local do crime. A arma utilizada seria um revólver calibre 38.

Nas redes sociais das vítimas, amigos já se despediam e lamentavam o ocorrido. “Minha amiga, você se foi sem dizer adeus. Mas iremos nos lembrar do seu jeito alegre, meigo e carinhoso. Só nos resta oramos, para que Deus console os corações dos familiares e amigos”, disse um amigo no perfil de Paula.

No mês passado, o governador Paulo Câmara assinou decreto que institui o “feminicídio” nos registros de crimes em Pernambuco, substituindo o uso da motivação “crime passional” nos boletins de ocorrência. O documento prevê que as mulheres vítimas de crimes violentos letais intencionais, pela condição de ser mulher, terão como motivação do crime o feminicídio, que será registrado no Sistema de Mortalidade de Interesse Policial (SIMIP) da Secretaria de Defesa Social (SDS). Para retirar o teor culpabilizante das mulheres que são, na realidade, vítimas, o decreto estabelece, ainda, que serão registrados como feminicídio os crimes letais que envolverem violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.