Achadas novas partes do corpo de Denirson Bombeiros e empresa privada escavam poço de casa em Aldeia, buscando restos mortais de médico. Esposa e filho da vítima estão presos

Publicação: 11/07/2018 03:00

Apesar dos exames de DNA terem confirmado que os restos mortais encontrados em cacimba do condomínio Torquato Castro, em Aldeia, são do cardiologista Denirson Paes da Silva, 54 anos, o Corpo de Bombeiros e profissionais da empresa Ranger SMS Alpinismo Industrial continuam procurando por partes do corpo. Ontem, durante todo o dia, peritos do Instituto de Criminalística e a delegada Carmen Lúcia, à frente do caso, acompanharam as buscas no residencial, que recebeu grande movimentação de viaturas policiais. Ontem, na terceira busca, foram encontradas mais partes do cadáver em avançado estado de decomposição.

O silêncio dos suspeitos do homicídio (a esposa de Denirson, a farmacêutica Jussara Rodrigues Paes Silva, 54 anos, e o filho mais velho do casal, Danilo Paes, 23, recém-formado em engenharia civil pela UFPE), que estão presos, tem sido um empecilho às investigações.  

Por causa da continuidade dos trabalhos, não há previsão de liberação, para sepultamento do material já localizado. Os restos mortais achados ontem foram encaminhados ao Instituto de Medicina Legal (IML). O exame tanatoscópico, laudo que define a causa da morte, só será realizado após esgotarem-se as possibilidades de encontrar novas partes do corpo de Denirson na casa onde morava.  

De acordo com a Polícia Civil, a forma como as partes do corpo foram achadas revela indícios de como a ocultação do cadáver aconteceu. A primeira busca foi feita no dia 4. Foram encontrados restos mortais sobre areia e metralha. Foi essa parte que gerou o odor percebido por um funcionário do condomínio. Uma nova procura foi feita no dia seguinte. Nos exames do material, porém, legistas sinalizaram que não havia todas as partes do corpo. Foram necessários equipamentos mais precisos para continuar o trabalho, pois a cacimba tem 25 metros.

“Mais restos mortais foram encontrados hoje (ontem) após a escavação da areia lavada e metralha. Isso aponta para a dinâmica da ocultação. Uma parte foi colocada na cacimba. Em seguida, jogaram areia e metralha e, depois, mais (fragmentos) do corpo foram dispensadas (pelos suspeitos)”, afirmou o chefe de Polícia Civil, Joselito Kehrle.  

Ele esclareceu ainda que a metralha usada na ocultação do cadáver veio da própria casa. “Identificamos que parte da churrasqueira (uma espécie de depósito para carvão e para material de piscina) foi demolida e usada na cacimba”, explicou. Foi o uso da areia e da metralha que impossibilitou o acesso a todas as partes do corpo nos primeiros dias.

“Foram necessários equipamentos especiais, pois o acesso (ao poço) é difícil. As buscas só vão ser encerradas quando o Corpo de Bombeiros disser ‘a partir daqui só tem areia’. Não vamos buscar em outros lugares porque não sabemos se o corpo todo está lá ou foi colocado em outros locais”, ressaltou o chefe da Polícia Civil.

Desde segunda-feira, a empresa Ranger SMS Alpinismo Industrial, contratada pela família do cardiologista, segue à procura de novos vestígios e retirando metralhas. Sobre o fato de a família do médico ter contratado uma empresa particular para realizar as escavações, Kehrle disse desconhecer a informação.

“Estamos trabalhando com o Corpo de Bombeiros”, frisou. A Polícia Civil também não detalhou quais partes do corpo já foram encontradas e quais estão faltando. “Vamos esperar a conclusão das investigações para falar sobre”, pontuou.

Outra questão pendente e que depende do término do trabalho do Corpo de Bombeiros é o exame tanatoscópico. “Esse laudo está em aberto até o fim das buscas. Pela situação do curso e pelas circunstâncias do crime, como o esquartejamento, o exame pode não determinar a causa da morte, isto é, se foi por arma branca, asfixia, arma de fogo. Essa é uma questão. A natureza jurídica, por outro lado, está determinada, ou seja, já se sabe que foi homicídio e que houve esquartejamento (confirmado pelo sangue nas áreas laváveis da casa e pela localização das partes do corpo)”, informou a diretora de Polícia Científica, Sandra Santos.  

DNA
O exame de DNA que confirmou a identidade da vítima foi produzido a partir dos restos mortais coletados por peritos na primeira busca, na quarta-feira, 4 de julho. O material foi encaminhado ao Instituto de Genética Forense, em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes. No dia seguinte, mais fragmentos foram achados. “Todos (os fragmentos encontrados) passarão por exame por questão de protocolo, pois a confirmação dos achados da primeira busca já são suficientes para determinar a identidade”, esclareceu Sandra Santos.