Estado montará banco de perfis genéticos Para facilitar a resolução de crimes, governo inaugurou o Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, em Jaboatão, nesta sexta-feira

Publicação: 21/07/2018 03:00

Análises genéticas são importantes ferramentas para resoluções de crimes, a exemplo do caso do médico Denirson Paes, 54 anos, que teve o corpo esquartejado e jogado dentro de uma cacimba da casa onde morava em um condomínio de luxo em Aldeia, em Camaragibe. O crime foi descoberto no dia 4 de julho deste ano e parte do material encontrado será analisado no Instituto de Genética Forense Eduardo Campos (IGFEC), inaugurado nesta sexta-feira, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife. O desafio dos peritos é determinar a causa da morte do médico. O primeiro passo já foi feito com a confirmação de que os restos mortais são do médico.

O IGFEC foi criado para oferecer um maior suporte ao trabalho da Polícia Científica de Pernambuco e abrigar informações para formar o maior banco de dados de DNA do Brasil, com mais de 600 perfis genéticos identificados. Todo material pode ser confrontado com outros dados genéticos coletados em locais de crimes, por exemplo. E um dos principais serviços do instituto é a perícia genética.

No caso dos restos mortais do médico a confirmação foi feita após a comparação do DNA encontrado nos fragmentos do corpo da vítima com o material coletado de um dos seus filhos. O resultado comprovou o grau de parentesco de pai e filho. A gestora da Polícia Científica, Sandra Santos, esclareceu como foi feito o trabalho de perícia no caso da morte do médico. “Em um caso como esse, nós trabalhamos com perícia no local do crime, que já foi feita, e estamos concluindo o laudo da perícia genética, que foi feita pelo IGFEC e ainda a perícia médico-legal, que está em andamento”, explicou. Ainda segundo a gestora, trata-se de um caso extremamente complexo por conta das condições dos restos mortais. “Apesar da situação do material, nós estamos confiantes que poderemos estabelecer a causa da morte”, disse.

Antes da criação do IGFEC, os peritos pernambucanos precisavam se deslocar até a Paraíba para resolver casos de investigação que dependiam do DNA. No Nordeste, apenas os estados de Sergipe e Piauí não contam com um Instituto de Genética Forense. Para realizar o trabalho de identificação humana, peritos criminais poderão vir a Pernambuco para solucionar crimes no laboratório do IGFEC.

INVESTIMENTO
O valor do investimento para montar o laboratório do instituto foi de cerca de R$ 2 milhões apenas em equipamentos. “Tanto a Paraíba como outros estados são nossos companheiros e nos ajudam muito, mas de fato Pernambuco conta com uma estrutura moderna que dá conta do trabalho necessário em todo o estado”, comentou o secretário de Defesa Social Antônio de Pádua.

Desde fevereiro o banco de dados vem sendo alimentado com os perfis genéticos de pessoas condenadas por crimes hediondos ou de grave ameaça à vida. Uma equipe do IGFEC realiza visitas às unidades prisionais para coletar material genético dos condenados como forma de identificação criminal, segundo determina Lei Federal. Mas além da parte criminal, também são arquivados no banco de perfis genéticos materiais de cadáveres de identidade desconhecida. “Esse serviço pode ser feito por reclamantes, que são familiares com entes desaparecidos. Há no sistema vários perfis ainda não identificados e se algum parente direto nos procurar é possível descobrir o grau de parentesco apenas com o exame da saliva”, explicou o gerente do IGFEC, Carlos Souza.