Filho mais novo insistiu por boletim de ocorrência

Publicação: 11/07/2018 03:00

O filho mais novo de Denirson e Jussara Paes, o estudante de administração da UPE Daniel Paes, 20, se manifestou sobre o crime pela primeira vez ontem. Pelo Instagram, ele postou uma mensagem agradecendo os abraços, mensagens, pensamentos positivos e orações. A mãe e o irmão mais velho dele estão presos preventivamente desde quinta-feira por decisão da Justiça. Daniel não chegou a visitá-los.  

“A cada contato, seja um abraço, uma mensagem ou um pensamento positivo/oração, me senti menos perdido. Só tenho a agradecer a todos vocês, meus amigos, por me darem força pra continuar sendo o homem que meu pai me ensinou a ser. Um beijo no coração de vocês”, escreveu na rede social. Desde domingo, ele está na casa dos avós paternos, em Campo Alegre de Lourdes (BA). Quando retornar para Pernambuco, segundo o pai de Denirson, Francisco da Silva, Daniel não vai voltar à casa onde morava e onde o crime aconteceu. O universitário deve se mudar para um apartamento no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife.  

Para a Polícia Civil, não há indicação de participação do caçula no homicídio e ocultação do cadáver. “A polícia trabalha com indícios e não há nenhum que aponte participação ou ciência sobre o crime em relação ao filho mais novo. Pelo contrário, ele falou com a polícia e trouxe luz à possível motivação (separação)”, afirmou o chefe de Polícia Civil, Joselito Kehrle.  

Segundo Kehrle, a postura de Daniel destoava da adotada por Jussara e Danilo. “Assim que o bombeiro disse ‘corpo’ ao localizar os primeiros restos mortais na cacimba, a mãe e o mais velho se calaram. A mãe, inclusive, chegou a orientar os filhos a permanecerem em silêncio. O mais velho calou-se e o mais novo se recusou e prestou depoimento. Ele também abriu mão de assessoria jurídica”, contou o chefe da polícia.

Segundo o avô de Daniel, foi ele também que insistiu para que a mãe registrasse um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento do pai, no dia 20 de junho. “O silêncio de ambos (Jussara e Danilo) diz muito, principalmente porque foi imediato. Se havia uma queixa (feita por Jussara no dia 20 de junho) por que não dizer nada quando o corpo é encontrado?”, pontuou Kehrle.  

O cenário encontrado na residência do crime pode ter sido resultado da ação de duas pessoas em quatro dias. “Essa estimativa de quatro dias se refere ao tempo em que os funcionários ficaram afastados da casa (de 31 de maio a 3 de junho). Duas pessoas podem ter cometido o crime e não há indícios da participação de uma terceira”, ressaltou Joselito Kehrle.

Dois primos de Denirson, um que mora na Bahia e outro que reside em Teresina (PI), estão no Recife acompanhando o trabalho da polícia. “Eu acredito no trabalho da Polícia Civil de Pernambuco, cujas investigações estão deixando cada vez mais claro quem foram culpados. A família espera que o Judiciário e a Promotoria também façam sua parte e façam cumprir a pena que cabe aos acusados”, declarou o primo do médico, Arnoldo Boson Paes, que é comerciante e presidente da Câmara de Vereadores de Campo Alegre de Lourdes (BA).