Oito reformas até deixar o lar do jeitinho ideal

Publicação: 18/08/2018 03:00

Maria José Barbosa estava de volta ao Recife havia poucos meses. Nascida na zona rural de Caruaru, ela tinha viajado pelo Brasil acompanhando os patrões militares. Morou em Manaus, Brasília e São Paulo. Quando voltou, não tinha seu próprio lar. Foi ouvindo rádio que descobriu a mobilização das domésticas. Quando as casas da Vila saíram, ela foi contempladas. “Nossa casa parecia a dos Flintstones. Não tinha móveis. Minha cama era uma pilha de tijolos com um colchão de mola. Meu guarda-roupa era uma caixa de papelão.” Os moradores das 65 casas olhavam atravessados. De todas as domésticas, só uma era casada. O resto eram mães solteiras e começou a circular boatos de que iram “roubar o marido das moradoras”.

Aos 57 anos, Maria José é só orgulho da casa que divide com a filha, o genro e o neto. Foram oito reformas até deixar o imóvel do jeito ideal. Aumentou os cômodos, construiu quartos, adicionou grade, cerâmica, laje, caixa para ar-condicionado e agora está erguendo um segundo andar.