Parando relógio do crime Contra a violência, o Ministério da Segurança Pública e o Porto Digital vão disponibilizar ferramenta de inteligência artificial

Publicação: 22/09/2018 03:00

Prever o crime e evitar que ele aconteça. A lógica do filme de ficção científica, Minority Report, de 2002, está mais perto de se tornar realidade com ajuda da inteligência artificial. Por um meio de um programa, alimentado por uma base de dados, é possível identificar padrões de crimes e a possibilidade deles acontecerem em determinada época e local. A tecnologia desenvolvida pela empresa Neurotech, ligada ao Porto Digital, vai ser usada para o planejamento da segurança pública em todo território brasileiro, a partir de um convênio assinado, ontem, entre o Porto Digital e o Ministério da Segurança Pública.

O acordo de 12 meses tem possibilidade de prorrogação, a depender do próximo governo. Mas a expectativa é que o programa já apresente resultados até dezembro. “Nós já temos o desenvolvimento da ferramenta e a partir do ministério abrimos toda essa possibilidade tecnológica para as polícias dos estados, que queiram. E isso nos traz  a possibilidade de manusear bilhões de dados para compatibilizá-los, checá-los e também fazer análise artificial. Isso representa uma velocidade enorme para promover o combate ao crime organizado e reduzir a violência”, afirmou Jungmann.

Para o presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, a expertise do parque tecnológico do Porto Digital, reconhecido em todo o país, foi fundamental para ser escolhido para essa tarefa. “Esse acordo abre novas possibilidades para ampliar a capacidade de uso da inteligência nas operações no país, questão essencial para todos os entes federativos. Com a expertise do Porto Digital, esperamos que o parque possa contribuir com o tratamento de informações por meio de cruzamento de dados, big data e tecnologias mais modernas”, revelou Saboya.  

“Hoje, a gente só sabe sobre o que já aconteceu. A principal contribuição vai ser tentar explicar o atual estado de segurança. Tomar decisões com táticas de operações locais sabendo exatamente o que está fazendo. Esse é o diferencial do programa de inteligência artificial do Porto Digital”, explicou o presidente do Conselho Administrativo do Porto Digital, Sílvio Meira.

O convênio prevê a realização conjunta de atividades entre o Ministério da Segurança Pública e o parque tecnológico do Porto para viabilizar os resultados com a universalização da segurança pública. O Porto Digital vai garantir apoio institucional e técnico e os recursos tecnológicos para o plano de trabalho e permitir o acesso do ministério aos produtos e softwares resultantes da cooperação. “Inteligência é a palavra-chave para esse acordo. O Brasil precisa de mais atuação estratégica para combater seus desafios e estamos dando um passo na direção desse objetivo”, detalhou o ministro. Por envolver dados sensíveis, todos os participantes devem resguardar confidencialidade e sigilo em relação às informações utilizadas ao longo da cooperação técnica. “Todo o material será repassado ao ministério, que por sua vez repassará aos estados. O  planejamento será georreferenciado por regiões de acordo com a demanda apresentada pelo ministério”, revelou Adrian Arnaud, da Neurotech.

VIOLÊNCIA

O Brasil registrou a marca histórica de 62.517 mortes violentas intencionais em 2016 e, pela primeira vez na história, superou o patamar de 30 homicídios a cada 100 mil habitantes. Os dados são do Ministério da Saúde e fazem parte do último Mapa da Violência. Em Pernambuco, de janeiro e julho de 2018, houve uma redução na quantidade de assassinatos de 21%, na comparação com o mesmo período de 2017. Foram 2.625 homicídios em sete meses.