Telefonemas diários em busca da Esperança Número de acolhidos pela Fazenda da Esperança, em Jaboatão, vai passar de 14 para 24 em outubro

Publicação: 24/09/2018 03:00

Os telefones da Fazenda da Esperança de Jaboatão não param de tocar. São pessoas pedindo ajuda para si ou para algum familiar com histórico de dependência química. Quatorze homens, com idade entre 18 e 40 anos, estão acolhidos na casa em funcionamento da fazenda. A segunda nem sequer foi concluída, mas existe uma fila de espera. São 10 dependentes químicos. Pelo cronograma de obras, e se as contribuições dos  benfeitores forem suficientes, este grupo deve ser acolhido no início do próximo mês. A abertura da terceira casa está à mercê de novas doações, estimadas em R$ 200 mil.

À frente da fazenda desde a inauguração, em março deste ano, André Ramos contou que os telefonemas de pedidos de ajuda são diários. Se dependesse da demanda, as três casas estariam a pleno vapor. O nó são os recursos. A fazenda, construída pela Arquidiocese de Olinda e Recife, depende de ajudas. Para a segunda casa ser aberta, por exemplo, a fazenda está redimensionando toda a rede elétrica. “A rede existente não comporta as duas casas”, esclareceu. Além de recursos para cobrir tais despesas, o projeto precisa de imediato de um poço artesiano para captação de água potável.

Os R$ 200 mil necessários para finalizar a terceira casa, sem data precisa de conclusão, seriam para colocar o telhado e fazer acabamento. O imóvel está de pé, inclusive com laje. As doações, apela André, não precisam ser apenas em dinheiro. A fazenda recebe materiais de construção, como cimento, areia, madeira, telha, e de instalações hidráulica e elétrica. Se o benfeitor optar por depósito bancário, a conta 132892-1, da agência 2805-3 do Banco do Brasil, tendo como CNPJ 09756859/0001-08.

A ligação telefônica é apenas o primeiro passo para o acolhimento na Fazenda da Esperança, batizada com o nome de Padre Antônio Henrique. Feito o contato, o interessado no tratamento deve redigir uma carta de próprio punho expressando a vontade de mudar de vida, fazer exames médicos e sobriedade e participar de entrevista, a chamada triagem. A equipe responsável pela triagem salienta que o envolvimento da família é fundamental para o êxito do tratamento dos acolhidos. Aceito pelo projeto, o acolhido somente poderá receber visitas dos parentes a partir do terceiro mês do ingresso na fazenda.

Antes do ingresso, a Fazenda da Esperança sugere aos candidatos que, no período de preparação anterior à entrada na comunidade terapêutica, participe de reuniões do Grupo Esperança Viva (GEV) mais próximo da residência. O GEV é formado por jovens que passaram pela experiência de recuperação nas Fazendas da Esperança e por seus familiares. No Recife, há grupos nos bairros das Graças e do Jordão. O tratamento na fazenda é gratuito e nas unidades de todo mundo, como ocorrem em Jaboatão, os acolhidos se dedicam à oração e a atividades para a sobrevivência do projeto. Entre as atividades, fabricações de terços e de biscoitos.

A Fazenda da Esperança não é uma clínica. E seu tratamento é um processo pedagógico desenvolvido ao longo de 12 meses, fundamentado no tripé trabalho, vida em comunidade e espiritualidade. Nas mais de cem casas espalhadas pelo planeta, o projeto recebe pessoas com idade entre 18 e 59 anos e dependentes do álcool e das drogas. No Brasil, do ponto de vista legal, a fazenda se enquadra nos padrões de comunidade terapêutica, conforme resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por isso, o projeto não acolhe pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos de natureza grave, a exemplo de problemas psiquiátricos, psicose, esquizofrenia, e que exigem atenção médico-hospitalar contínua ou de emergência.