Julgamento de PM é de novo adiado A defesa do policial Luiz Fernando Borges, acusado de assassinar um adolescente, não compareceu ao júri marcado para ontem

Publicação: 11/10/2018 03:00

Pela segunda vez, foi adiado o julgamento do ex-policial militar reformado apontado como assassino do estudante Mário Andrade de Lima, 14 anos, no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife. O júri estava marcado para a manhã de ontem, mas a defesa do réu novamente não compareceu ao Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha Joana Bezerra. O primeiro adiamento aconteceu pelo mesmo motivo no último dia 24 de setembro. Mesma data de nascimento da vítima. Caso estivesse vivo, teria completado 17 anos. O crime aconteceu ha dois anos e três meses.

Segundo o promotor Guilherme Castro, que atua na acusação, o advogado do ex-PM permitiu, na última segunda-feira, que outro profissional atuasse no processo também. No entanto, nenhum dos dois compareceu ao júri. Além disso, a defesa alegou que o réu está de atestado médico por 30 dias por conta de uma cirurgia de hérnia, o que impossibilitaria a participação dele na sessão. A ausência do acusado Luiz Fernando Borges, no entanto, não impede a realização do julgamento.

Para evitar novos adiamentos, o promotor requereu ao juiz Jorge Luiz dos Santos Henrique, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, a nomeação de um profissional da Defensoria Pública para atuar no próximo julgamento caso os advogados contratados voltem a faltar. Questionado pelo juiz se conhecia o advogado nomeado, Luiz Fernando disse que não. “Esse sentimento remoído diante desses adiamentos não é bom para a sociedade, para a família da vítima, para o réu e para mim, promotor. O julgamento é importante para alertar sobre a miséria que as crianças sofrem na periferia. Extrapola a própria condenação do ex-PM”, pontuou Castro.

Dezenas de pessoas que aderiram à campanha que pede justiça para Mário estiveram no fórum para acompanhar a sessão. O novo júri acontece no dia 6 de novembro. Indignada com mais um adiamento, Joelma Lima, mãe de Mário, chamou o réu de assassino. Foi a primeira vez que ela encontrou com o assassino do filho. “Ele pode ter dez cirurgias. E eu que perdi meu filho e estou aqui?”, desabafou.

A assistente de acusação, a advogada Jaqueline Martins, esclareceu que o Código de Processo Penal prevê a possibilidade do segundo adiamento. Ela, no entanto, acredita que se trata de uma estratégia da defesa para desmobilizar a campanha que pede justiça para Mário. “Esse caso se transformou em luta contra o extermínio do povo negro”, destacou. A família de Mário voltou a convocar as pessoas para comparecerem ao próximo julgamento.