Uma viagem tátil pela geografia dos mapas Professor do IFPE cria um modelo de mapa para ajudar cegos. A iniciativa irá integrar o portal do IBGE

Publicação: 16/10/2018 03:00

Um projeto de criação de mapas táteis como recurso didático no ensino de geografia a crianças com deficiência visual, idealizado por um professor do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), servirá de modelo para escolas de todo país. A iniciativa irá integrar o portal de educação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como exemplo de inclusão para alunos cegos. O modelo foi apresentado na manhã de ontem, durante a primeira edição do IBGE Educa, que aconteceu na sede da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife.

Para o autor do projeto, o professor de geografia do Instituto Federal de Pernambuco, Marcelo Miranda, a proposta recria os mapas com texturas e com explicações sem braille para que todos os alunos possam participar das aulas de forma igualitária. “Esse projeto surgiu de uma inquietação, porque as crianças com deficiência visual não tinham as mesmas condições de aprendizado, gerando um ambiente de desigualdade. A legislação determina que haja uma equidade de condições e diante disso tive essa ideia para adaptar um mapa convencional em uma condição textural”, explicou Marcelo.

O professor uniu o conhecimento da geografia com a especialização em educação especial e fez adaptações para que o projeto se tornasse viável à realidade de todas as escolas. Os primeiros mapas foram desenvolvidos em parceria com a Escola Estadual da Iputinga. De acordo com Marcelo, qualquer mapa pode e deve ser desenvolvido de maneira que permita a leitura da pessoa com deficiência visual. O primeiro protótipo saiu do papel no ano passado e após algumas adaptações, o professor está divulgando a metodologia através de um projeto de extensão e a ideia é desenvolver um material para que toda escola tenha condições de reproduzir a intervenção nos mapas.

A partir da próxima semana, o portal do IBGE Educa irá integrar todo o processo para criação de mapas de leitura tátil. A estudante Maria Vitória Felipe, 23, executou o projeto de extensão e visitou as escolas para entender a necessidade dos alunos. “As crianças são muito curiosas e precisamos pensar em como trazer a realidade para elas. A receptividade tem sido incrível. É muito interessante quando, por exemplo, conhecem Brasília e observam ‘o poder de todo o país está só nesse pontinho?’, então as coisas que antes só ouviam falar ganham outras dimensões”.

De acordo com a analista do IBGE, Cristina Neves, o exemplo do IFPE precisa ser levado para todas as escolas do Brasil. “Nós estamos desenvolvendo um tutorial para que Marcelo possa ensinar para todos os professores do país como desenvolver esses mapas táteis para o ensino de geografia”, ressaltou. A primeira edição do IBGE Educa fez uma homenagem ao professor e atual presidente do Porto Digital, Pierre  Lucena, que foi contemplado na categoria Gestão Educacional. “Para mim é uma honra receber uma homenagem por conta da minha atuação da educação. O IBGE já é um parceiro do Porto Digital porque é uma indústria do conhecimento e podemos aprofundar esses laços”.