Acerto de contas

por Pierre Lucena
pierrelucena@gmail.com

Publicação: 03/11/2018 09:00

Os desafios do Porto Digital (2)

No artigo anterior, falei do desafio que será dirigir o Porto Digital nos próximos anos e da necessidade de focar em alguns eixos para conseguir dobrar o tamanho de nosso parque tecnológico. Falei também que tinha três eixos de atuação: gente, negócios e espaço. Tratei de explicar o primeiro deles. Neste artigo falo um pouco do segundo eixo, que é a formação de uma grande rede de negócios conectados de tecnologia e economia criativa.

Basicamente olhamos para três indicadores: número de empresas, de colaboradores e o faturamento total das empresas. Temos atualmente pouco mais de 300 empresas atuando no Porto Digital. Este indicador é importante para mostrar a vitalidade do ecossistema e o seu tamanho. Sempre é bom lembrar que apenas duas empresas iniciaram este cluster na virada do século.

Para dobrarmos a quantidade de pessoas e faturamento das empresas, estamos falando da atração de pelo menos mais 200 organizações para o Porto Digital. Este é um desafio muito grande, mas há caminhos para chegarmos lá. O que tenho em mente é a atuação em seis grandes frentes.

A primeira delas é a grande mobilização com o objetivo de geração de novos projetos de startups, através da motivação de jovens promissores com espírito empreendedor. Essa movimentação é muito importante, não apenas para trazer novos negócios, mas também para a renovação do ambiente. Além disso, temos a necessidade de busca deste espírito empreendedor, já que os jovens precisarão buscar novos caminhos com a inevitável queda na oferta de concursos públicos. Para esta frente, temos um excelente equipamento, que é a Jump. Para quem não conhece, é um projeto vitorioso de incubação e aceleração do Núcleo de Gestão do Porto Digital.

A segunda frente é a de aceleração de empresas. Além da própria Jump, pelo menos quatro outras aceleradoras privadas já estão no parque, mostrando que o mercado já está atento e cumprindo bem o papel de profissionalização de organizações. Esta frente é a que menos me preocupa, pelo fato do mercado já estar assumindo as funções.

A terceira frente está na atração de áreas de inovação de grandes empresas que estão fora de Pernambuco. Temos condição de oferecer a estes grupos toda a condição necessária para o desenvolvimento de soluções inovadoras elaboradas internamente. Não há melhor lugar para instalar uma área ou instituto de inovação do que o Porto Digital.

A quarta frente é a de interiorização. Temos hoje o Armazém da Criatividade em Caruaru e acredito que dois outros polos econômicos poderiam receber a nossa ajuda: Petrolina e Santa Cruz do Capibaribe. Estes dois municípios (e suas regiões) estão com produtos e mercados bem definidos e com a demanda por inovação com o objetivo de agregar valor aos produtos já existentes. Isso dependerá basicamente de uma articulação local, mas desde já nos colocamos à disposição para iniciar este trabalho.

A quinta frente é a de investidores. Temos um conjunto já organizado de investidores locais, mas pretendo organizar uma rede mais articulada e buscar novas fontes de financiamento. Será necessário aumentar este fluxo de recursos ao mesmo tempo em que crescemos o número de startups.

Por fim, abriremos uma área de negócios para o Porto Digital. Criamos um superbranding ao longo do tempo e agora precisamos rentabilizar isso para nossas empresas. Além disso, a realidade do setor público bate à porta de todos e precisaremos buscar o setor privado e outros tipos de financiamento. Em outras palavras, tudo aquilo que interessa ao conjunto de nossas empresas interessa ao Núcleo de Gestão do Porto Digital. Já temos iniciativas recentes muito bem-sucedidas nesta área.

Na próxima semana irei comentar o último eixo de trabalho, que é o espaço urbano e a conexão com a cidade, fundamentais para nosso projeto de política pública.