Defesa de Jussara alega depressão e maus-tratos A farmacêutica é acusada de matar o marido Dernirson Paes em junho

Publicação: 17/11/2018 09:00

A defesa da farmacêutica Jussara Rodrigues, de 54 anos e do engenheiro Danilo Paes, 23 anos, acusados de matar o médico cardiologista Denirson Paes da Silva, 54, afirmou que a esposa da vítima sofria violência física e psicológica. O advogado Rafael Nunes concedeu entrevista coletiva na sexta-feira, em seu escritório, na Ilha do Leite, área central do Recife, e criticou a condução das investigações policiais, que também apontam Danilo como suspeito pelo crime.

Um dos documentos apresentados pelo criminalista que compõe os autos do processo foi um parecer psiquiátrico de 2017 que atesta a presença de Jussara por três vezes em um consultório localizado no bairro da Boa Vista para fazer tratamento psicoterápico. O laudo diz que a acusada fazia uso de antidepressivo e ansiolítico. O parecer datado do dia 20 de outubro do ano passado aponta que Jussara não teria condições de trabalhar naquela época por causa de crises de choro, instabilidade emocional e baixa autoestima, provocados pela morte da mãe e por dificuldades no relacionamento conjugal.

De acordo com Rafael Nunes, o único crime que ela cometeu foi ocultar o corpo do marido, já que ela teria o matado para se defender de uma agressão. Na ótica da defesa, ela esquartejou e escondeu os restos mortais por medo da reação dos filhos. “Ela cometeu a ocultação de cadáver. O que levou Jussara a agir em legítima defesa foram quase 30 anos de violência doméstica de natureza física e psicológica. Denirson era covarde. Batia nela, a esmurrava dentro do quarto, obrigava a ter relação sexual e depois a expulsava do quarto. A violência doméstica é silenciosa e muito dificilmente há uma testemunha ocular”, afirmou o advogado.

Em junho de 2015 foi expedida a medida protetiva contra Denirson pela Vara de Violência Doméstica e Familiar na Comarca do município de Camaragibe. Cinco dias depois, a queixa foi retirada pela própria Jussara. A defesa alega que ela foi ameaçada pelo marido naquela ocasião. De acordo com o advogado, a rotina violenta não era conhecida pelos filhos, já que eles não relataram em depoimento à Polícia na época das investigações. “Esse tipo de violência é de natureza silenciosa, é um crime covarde que não escolhe classe social. Ela não se separou por querer preservar a família e os filhos”, comentou.

A defesa ainda questionou o padrão de vida mantido pelo casal, afirmando que Jussara era “escrava em uma mansão” e que em um dos momentos de “tortura”, ela chegou a fugir de casa. “Ela foi acolhida por uma amiga depois de ter apanhado de Denirson, já que não tem apoio familiar por perto. Denirson tinha um relacionamento extraconjugal há quase dez anos. Casado e não tinha qualquer pudor. Essa questão que ela tinha descoberto fotos um dia antes não faz qualquer sentido porque ela já sabia. Ele viajava com a amante”, disse.Quanto à participação de Danilo no crime, ele diz que as investigações foram parciais.