O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, receberá na próxima segunda-feira, o título de Doutor Honoris Causa em Teologia, pelo relevante trabalho que vem desenvolvendo à frente da Arquidiocese, sobretudo na promoção da justiça e paz. A rara honraria, concedida pela Universidade Católica de Pernambuco em seu Jubileu de 75 anos, será entregue às 15h, no auditório G2, pelo reitor, Pe. Pedro Rubens Ferreira. Em seguida, às 17h30, o arcebispo preside a celebração eucarística em ação de graças pelo aniversário da universidade, no Santuário Nossa Senhora de Fátima.

A proposição foi feita pelos cursos de Teologia e Filosofia e obteve unanimidade de aprovação pelo Conselho de Ensino e Pesquisa. Antes de dom Fernando, dom Helder Camara recebeu este mesmo título no final da década de 80. Este ano, a mesma honraria foi concedida à professora Mirian de Sá Pereira, da área de Direito.

De acordo com o diretor do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH, Prof Dr. Danilo Vaz-Curado, o arcebispo tem uma incansável luta pela justiça social e isso se percebe em diversas obras da Arquidiocese, como a refundação da Comissão Justiça e Paz, a Santa Casa de Misericórdia, o Movimento Pró-criança e a Fazenda da Esperança.

Já o coordenador do curso de Teologia, Prof Dr Sérgio Sezino Douets Vasconcelos, ressaltou que outro fator que pesou na decisão para a outorga do título ao arcebispo foi o seu empenho no processo de canonização de dom Helder Camara junto ao Vaticano. “Outro ponto forte dele é a preocupação com a ação missionária da Igreja, a busca por uma Igreja em Saída como opção preferencial pelos mais pobres”, enfatizou. O professor Sérgio Sezino chamou atenção também para o bom relacionamento entre a Arquidiocese e a Unicap. “Dom Saburido deu incentivo para trazer a formação dos futuros presbíteros para a Unicap, gesto seguido por outras ordens e congregações religiosas”.

O pró-reitor de Graduação e Extensão da Unicap e professor do curso de teologia, Degislando Nóbrega, credita a entrega do título ao conjunto da obra do arcebispo e à sua longa história com as cidades do Recife e Olinda. “Ele sempre focou sua ação pelo diálogo, característica muito importante do Concílio Vaticano II, cujas diretrizes fundamentam-se nisto e, sobretudo, no serviço a todas às realidades que esperam ser iluminadas com alguma esperança”, avalia.

Ainda segundo Degislando, também foi levado em conta a capacidade de dom Fernando Saburido de promover a unidade dentro da igreja e desta com o mundo. “Desde que chegou aqui, sua primeira atitude foi convocar uma grande assembleia pastoral com a temática da Igreja em Estado Permanente de Missão. É o que o papa Francisco chamou de Igreja em Saída, marcada pelo serviço, pela construção de pontes e não pela demarcação de espaço e poder”, continua.

Dentre as ações realizadas por dom Fernando, o pró-reitor destaca a criação da Comissão de Justiça e Paz como instrumento de consulta da Arquidiocese frente a grandes questões da sociedade no campo da justiça e proteção dos vulneráveis. Pontua, ainda, sua insistência e busca de instrumentos para empreender em Pernambuco a Fazenda Esperança. “Para a Unicap, as justificativas para a concessão do título passam justamente por essas virtudes, características de fé e do embasamento teológico de sua ação, do seu pastoreio”, finaliza.

A Fazenda Esperança tem por missão recuperar pessoas com idade entre 18 e 59 anos que desejam se libertar da dependência química das drogas e álcool. A mais recente unidade foi inaugurada no mês de março, no distrito de Muribequinha, Jaboatão dos Guararapes. Na sexta-feira foi anunciada a conclusão de mais uma casa da Fazenda Esperança. O projeto original contempla um total de três unidades. A primeira está funcionando desde março. A segunda está pronta e a terceira está em fase de acabamento. São oferecidos cursos de panificação, agropecuária e artesanato. Em Pernambuco, existem outras três unidades: duas em Garanhuns, mantidas pela Diocese local, e outra em São Joaquim do Monte, sob responsabilidade da Diocese de Caruaru. Nestes locais, os jovens permanecem pelo prazo aproximado de um ano. A ação é reconhecida pelo Vaticano e acontece também em outros 15 países.

Depoimentos

"Dom Fernando tomou posse como arcebispo em um momento muito conturbado, onde o seu antecessor seguia a determinação de Roma de anular toda a igreja chamada progressista, adepta da Teologia da Libertação e que se reunia nas comunidades eclesiais de base. Destruiu, assim, todo um trabalho pioneiro da Igreja em Saída, retomada pelo papa Francisco e que já existia com dom Helder. Herdou, portanto, um conflito e foi habilidoso o suficiente para conduzi-lo, desfazendo a visão equivocada de uma igreja voltada para si mesma”,
Antônio Carlos Maranhão, presidente do Instituto Dom Helder Camara

"Dom Fernando é homem voltado não apenas para o lado espiritual da Igreja mas, sobretudo, para ela como representação do povo de Deus. Possui uma grande preocupação com o social. Neste período em que está na arquidiocese, vive uma igreja missionária, voltada para os mais pobres. Como diz o papa Francisco, para as periferias não apenas geográficas, mas existenciais. Tanto que criou vários organismos e comissões que mostram essa preocupação com a vida de todos”,
Monsenhor Albérico, Vigário Episcopal de Olinda.

"Ficamos muito honrados com o recebimento deste título. Todos nós, seus irmãos. Se Deus quiser, estarei lá durante a solenidade, com muito prazer. Para mim, será um prestígio. Meu irmão já recebeu vários títulos e esta é mais uma homenagem que ele merece. Não porque seja meu irmão, mas porque ele é alguém de quem só posso falar bem. É honesto, simples, carismático, gosta de ajudar os pobres, nunca se cansa. Sempre foi assim, desde sempre. E sempre fomos, também, uma família muito unida”,
Dulce Saburido, Irmã.