Museu valoriza circuito histórico da Rui Barbosa Academia Pernambucana de Letras inaugurou exposição permanente em sua sede na avenida

Publicação: 13/11/2018 09:00

O circuito histórico da Avenida Rui Barbosa, um dos principais corredores da Zona Norte do Recife, ganha o seu segundo museu aberto ao público que apresenta, através de seus casarões, um pouco da história da ocupação e do cotidiano da cidade durante os séculos 19 e 20. No imóvel de número 1.596, no bairro da Graças, onde funciona a sede da Academia Pernambucana de Letras (APL), residiu o barão português João José Rodrigues Mendes, um próspero comerciante de bacalhau do Recife. Os costumes da família Rodrigues Mendes e a história da APL estão incluídos no acervo do novo equipamento cultural. Ontem, durante a inauguração do Museu da APL, o público pôde fazer visitas guiadas a todos os cômodos do casarão, único dos 14 localizados na Avenida Rui Barbosa a ser tombado pelo Iphan.

“Essa casa onde funciona a Academia Pernambucana de Letras faz parte da história do Recife e de Pernambuco. Mais do que um museu, a abertura dessa casa é o nascimento de um importante equipamento histórico-cultural. Também é uma forma de trazer as pessoas para mais perto da academia e conhecer sua história e seu presente”, disse o escritor e jornalista Cícero Belmar, ocupante da cadeira de número 33 da instituição.

Dentro do terreno onde está localizado o casarão da família Rodrigues Mendes, existe uma torre construída pelo barão após a morte de sua esposa, Eugênia da Costa, onde ele se isolou da família e viveu seus últimos dias. Já no século 20, o casarão passou para a família Amorim, primeira proprietária do imóvel, e na década de 1960, durante o governo de Paulo Guerra, o casarão foi desapropriado e cedido em comodato para se tornar a sede da Academia Pernambucana de Letras.

A abertura do museu coincidiu com a data do sepultamento do barão português Rodrigues Mendes, que foi enterrado em 12 de novembro de 1893, ou seja, há exatos 125 anos. “O objetivo da reforma (iniciada em 2015) foi também dar um cunho social mais abrangente ao imóvel, ou seja, ser um lugar que não só guarda um acervo, mas que motive a população a se interessar por história e pela literatura”, diz a presidente da APL, Margarida Cantarelli, que está à frente do projeto desde janeiro de 2016. “Os próximos passos são investir na acessibilidade e abrir uma lojinha ou quem sabe até um café na torre”, afirma.

De acordo com a escritora e acadêmica Ana Maria César, o acervo do Museu da APL já existia e uma equipe de museólogos deu atratividade ao material que inclui, além de mobília do século pertencente à família Rodrigues Mendes, uma biblioteca informatizada e interativa com as obras dos acadêmicos da APL, quadros de Vicente do Rego Monteiro, piso com assinatura de Francisco Brennand e painéis do pintor francês Eugène Lassailly. “Nós quisemos dar esse espaço para que possamos nos aproximar das pessoas. O museu estará aberto nas terças e quintas-feiras, das 9h às 16h, e os visitantes serão recebidos pelos próprios acadêmicos, quando poderemos incluir atividades como recitar poesias”, comemora Ana Maria. A administração pede que os interessados façam o agendamento das visitas antes de se dirigir ao local.