Defesa quer culpar filho de médico Advogados de Cláudio Amaro Gomes, acusado de mandar matar o colega Artur Eugênio, apostam em depoimento de Cláudio Filho para livrar cirurgião

Mariana Fabrício
Rosália Vasconcelos
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Publicação: 11/12/2018 09:00

A defesa do cirurgião Cláudio Amaro Gomes, acusado de ser o mandante do crime contra o colega e ex-sócio Artur Eugênio, em 2014, está contando com o depoimento do filho, Cláudio Amaro Gomes Júnior - já condenado pelo crime -, como principal recurso de seu cliente. Tanto que as outras quatro testemunhas de defesa previstas para participar do julgamento, que começou ontem no Fórum de Jaboatão dos Guararapes Desembargador Henrique Capitulino, foram dispensadas.

Segundo os advogados de Cláudio Amaro pai, as declarações dadas pelo filho durante depoimento de ontem mostram que não há prova ou indício que vincule Cláudio Amaro Gomes ao homicídio que tirou a vida de Artur Eugênio. Com a dispensa das testemunhas, a expectativa é de que o julgamento, inicialmente previsto para terminar na sexta-feira, seja encerrado até amanhã. Hoje, a sessão será retomada a partir das 8h.

“O interrogatório do advogado Bráulio Lacerda (defesa) esgotou o manancial de provas. Não há nada que prove que doutor Claúdio Amaro tenha participado desse crime, a menos pelo fato de que ele é pai de Cláudio Amaro Júnior, que já declarou ser o mandante do fato”, disse o advogado Moacir Veloso. As testemunhas dispensadas foram Daniel Gomes (filho de Cláudio Amaro), Solange Queiroga (esposa), Clóvis Gomes(filho) e Débora Carvalho (secretária do consultório em que o médio trabalhava).

Durante o depoimento de Cláudio Amaro Júnior, que durou duas horas e meia, ele declarou que havia mandado dar uma surra no médico Artur Eugênio por ter presenciado ele destratar seu pai por três vezes e praticado outros atos de hostilidade. “Eu fui mandante no processo e não meu pai. Partiu de mim a ideia de dar uma surra em Artur porque ele vivia perseguindo meu pai. Mas nunca comentei com meu pai porque sabia que ele não concordaria”, disse Cláudio Amaro Júnior no depoimento.

A promotoria de acusação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) entendeu, contudo, que a confissão do filho é uma estratégia para livrar o pai da responsabilidade pela premeditação do crime contra Artur Eugênio. “Por que só agora, depois de condenado, você resolveu assumir que foi o mandante e executor do homicídio?”, questionou a promotora Dalva Cabral de Oliveira. Durante toda a sessão, o médico Cláudio Amaro Gomes permaneceu de cabeça baixa e apenas em um momento, enquanto o filho prestava depoimento, levantou-se e tentou falar, mas foi impedido pela juíza que presidiu a sessão Inês Maria de Albuquerque Alves.

O julgamento dos dois últimos acusados de participar da premeditação e morte do médico torácico Artur Eugênio de Azevedo Pereira teve início ontem no Fórum de Jaboatão dos Guararapes. O médico Cláudio Amaro Gomes, acusado de ser o mandante do crime, está sendo julgado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Já o réu Jaílson Duarte César, acusado de ser o intermediário na contratação dos executores do crime, está respondendo por homicídio duplamente qualificado por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima em concurso material com o crime de dano qualificado. Após quatro anos e meio do crime, os dois estão sendo submetidos a júri popular. Antes de iniciar a ouvida das testemunhas, houve a escolha de sete dos 25 jurados convocados.

A defesa de Jailson argumenta que ele não teve participação no crime. “A linha de defesa é a inocência total. Jailson foi acusado de ser articulador do crime, o mentor intelectual. Em seu depoimento ele explica que jamais cometeu o crime”, disse advogado Elysio Pontes.