Muro dos assaltos é fechado no Cabanga As polícias Civil e Militar já identificaram os assaltantes que interceptavam motoristas na Rua Saturnino de Brito

Publicação: 19/01/2019 09:00

Uma equipe da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) tapou, na sexta-feira, o buraco na parede que divide a Rua Saturnino de Brito, no Cabanga, e a antiga linha férrea, onde estavam sendo registrados assaltos embaixo do Viaduto Capitão Temudo. Na imagem que circula pelas redes sociais, é possível ver três homens saindo de um buraco na parede e interceptando a passagem de um veículo cinza. Policiais Civis da DP da Delegacia de Afogados, comandados pelo Delegado Igor Leite, apreenderam em flagrante delito um menor, de 16 anos, que aparece no vídeo do assalto no Cabanga. Ele é a quarta pessoa detida pela força-tarefa montada pelas polícias civil e militar, sendo três adolescentes e um jovem. O adolescente é o que age de forma mais violenta nas imagens, portando o simulacro e tomando pertences das mãos do condutor do veículo. Foi apreendido trajando as mesmas roupas  (bermuda azul e camisa com estampa de plantas) e confessou participação no crime.

As ações ocorriam com frequências na localidade. Dentre os assaltantes detidos na quinta-feira, está Michael Douglas Gomes, o Mike, 21 anos, preso pela PMPE, autuado por porte ilegal de arma de fogo e encaminhado à audiência de custódia. Ele já tinha passagem pela polícia. Os outros dois, um com 14 anos e outro de idade não informada, eram menores e foram liberados. Os identificados na gravação têm os nomes de Malvson, Allisson e Jonathas e, segundo indícios, são todos maiores de 18 anos. Os números para que a população possa denunciar são 3184.3882 e 3184.3453.

Segundo o comandante do 16º Batalhão da PM, Coronel Silvestre, quanto aos presos, apenas o Michel tem ligação com os três homens registrados no vídeo, embora não tenha participado efetivamente deste assalto. “Os menores detidos e posteriormente liberados possuem envolvimento em outras ocorrências”, explica. O delegado da primeira seccional da Polícia Civil, Vladimir Lacerda, alerta sobre a importância da denúncia via telefone. “A vítima deste assalto registrado em vídeo, por exemplo, até o momento, não identificou a comunicação da ocorrência e é importante que ela, como outras vítimas, apareça. Já identificamos, por exemplo, outro assalto praticado, no mesmo formato, por quatro elementos dentre os quais, provavelmente, estão os três foragidos”, conta.

Moradores da comunidade da Linha Férrea, como é conhecida a área, denunciam que os assaltos na região são diários. Uma cabeleira que preferiu não se identificar conta que mora na região desde que nasceu. Segundo ela, a situação piorou há quatro anos, quando a área foi tomada por uma ocupação ilegal. “Na minha casa, todos têm carro, mas não podem mais sair com ele. Das 19h as 21h, passa por aqui um carro de segurança. Depois disso, tudo piora muito e ninguém mais pode circular de automóvel. Na verdade, não há horário tranquilo. Um dia desses, minha vizinha, de 82 anos, contou que enquanto cuidava de suas plantas, contabilizou um total de nove assaltos apenas no horário entre 7h e 8h da manhã”, contou.

O aposentado Lopes, de 70 anos, também denuncia uma rotina de medo e apreensão devido aos constantes assaltos em cima do viaduto. “Chega a doer meu coração quando estou na porta da minha casa e, volta e meia, chega alguém pedindo para que eu veja se está baleado nas costas. À noite, quando vou dormir, só ouço os gritos de pessoas pedindo por socorro. Basta a Polícia sair que os assaltos começam. Aqui, temos, por exemplo, um grande terreno desocupado onde, anteriormente, havia uma quadra de futebol. Não há mais nada, já que os bandidos roubavam todos os pertences de quem vinha jogar”, relata.

A Polícia Militar informou que desde que tomou conhecimento da ocorrência mostrada no vídeo, reforçou o policiamento no local. “Temos números sobre redução de homicídios, roubos e furtos nesta região, durante todo o ano. Desde ontem, entretanto, diante do ocorrido, providenciamos um reforço específico. É preciso destacar, entretanto, que problemas como iluminação não são da alçada da Polícia Militar. Questões sociais, como a comunidade que aqui se instalou, inclusive em área federal, também não. Ainda assim, contudo, a PM está se fazendo presente com reforço neste local. Desde ontem, designamos viaturas com policiamento fixo”.