A missão de ser um porta-estandarte Pessoas escolhidas para abrir os desfiles de uma agremiação encaram a tarefa como algo sagrado

Publicação: 16/02/2019 03:00

A preocupação de Clóvis Ramos de Moura com o modo de conduzir pelas ruas estandarte do Maracatu Estrela Brilhante do Recife é um ritual. Algo sagrado. Auxiliar de serviços gerais, ele dedica uma, duas, três ou mais horas aos ensaios, no Alto José do Pinho. Para onde vai o cortejo carnavalesco, Clóvis segue. Geralmente à frente. Com um zelo sem igual. A razão para o comportamento está em uma frase do porta-estandarte: “Sou eu que levo o nome da nação”. O estandarte, assim como a bandeira da escola de samba e o flabelo dos blocos de frevo, é o abre-alas – espécie de aviso aos brincantes – de que as agremiações entram ruas e avenidas adentro no tempo de Momo.

Ser porta-estandarte se tornou missão para Clóvis. Da mesma maneira, Wellington Souza da Silva Santos encara o papel, que a ele cabe na Troça Destemidos de Campo Grande. Apaixonado pela folia desde a infância, Clóvis, 33 anos, dançou em caboclinhos. No maracatu de baque virado, entretanto, está a paixão maior. Começou como orixá, aos 15 anos, idade que é hoje a de Wellington. Depois se tornou príncipe da corte. Observou atentamente, por anos, a maestria do mestre Rato, apelido do velho porta-estandarte do Estrela Brilhante. Rato, adoentado, desfilou pela última vez em 2018.

O convite para Clóvis assumir a função de porta-estandarte oficial do maracatu, fundado em 1910, chegou depois dele ter sido o segundo porta-estandarte da agremiação por 11 carnavais. Pensou bem na resposta que daria a presidente e rainha do Estrela Brilhante, Marivalda Maria dos santos. Disse sim. “Vi como uma missão. É um compromisso grande”, resume ele, que relaciona o papel de abre-alas a sua prática religiosa. Clóvis é babalorixá. Nos dias de desfile oficial do maracatu na Avenida Dantas Barreto, no Centro do Recife, o porta-estandarte se “resguarda”. Não ingere bebidas alcoólicas. Privilegia as “obrigações”.

Wellington não encara a missão de porta-estandarte com o mesmo olhar religioso de Clóvis. Mas a enxerga como especial. A tarefa, entende o adolescente, não cabe a qualquer um. No seu caso, surgiu pelo viés familiar. Atento e apaixonado pelo carnaval, “ligava-se” nos passos e gestos dos condutores dos porta-estandartes. De tanto olhar, aprendeu os segredos. E o primo, Gustavo Nascimento, 30 anos e porta-estandarte do Clube Misto Carnavalesco Guaiamum na vara, fez o convite para o garoto assumir a função de abre-alas. Destemido, Wellington topou. “Antes dos compromissos, respiro. Respiro penso na responsabilidade de andar com o símbolo da troça e caio na dança”, afirmou. A função pesa. O estandarte tem cerca de 25 quilos, mais do que um terço do peso de Wellington, de 60 quilos. Mas o peso compensa com o prazer de carregar o nome da agremiação.

Programação

SÁBADO

Recife
13h – Troça Amantes de Glória, na Boa Vista
14h – Passeio Olha! Recife de ônibus leva inscritos ao Paço do Frevo e aos clubes das Pás e Guerreiros do Passo; Troça Bora, Mago! no Poço da Panela.
17h – Concurso de passista juvenil e de rua, no Pátio de São Pedro.

Jaboatão
18h – Ensaio do Maracatu Nação Aurora Africana, na Praça Nossa Senhora do Rosário, no Centro

Olinda
12h – Troça Bandida Organizada, no Centro de Cultura Luiz Freire
15h – Trinquinha de Ás, no Sítio de Seu Reis
16h – Maracatus Cabra Alada e Nação Pernambuco, nas ruas da Cidade Alta, e Troça Gula de Folia, nos Quatro Cantos
17h – Clube Carnavalesco Elefante de Olinda, na Praça do Carmo
18h – Bloco Menino Maroto, na sede do bloco Pitombeira dos Quatro Cantos
 
DOMINGO

Olinda

9h – Eu Acho é Pouco, concentração na sede do bloco
10h – Bloco Los Baianito, no Alto da Sé
14h – Grupo Sambadeira, na Ladeira da Misericórdia
15h – Grupo Batuques de PE, na Praça da Abolição, em frente à Igreja do Carmo
16h – Ensaio aberto do Bate Livre Batucada Badia, na Praça da Liberdade
17h – Troça Cariri Olindense, na Pousada dos Quatro Cantos

Recife
9h – Passeio Olha! Recife a pé leva os inscritos para conhecer as estátuas de artistas ligados ao carnaval e os principais polos do carnaval, nos bairros de Santo Antônio, São José e Recife.
17h – Encontro de blocos líticos, na Rua da Aurora
20h – Final do Concurso de Rei e Rainha do Carnaval, no Pátio de São Pedro.