Igreja entra na luta para salvar o Edifício Holiday Arcebispo rezou missa no prédio e se reunirá hoje com moradores e órgãos para buscar soluções

Publicação: 18/03/2019 09:00

O domingo foi marcado por momentos de esperança, persistência e fé em meio ao drama que vivem os moradores do Edifício Holiday, em Boa Viagem. O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, celebrou missa na capela de Nossa Senhora das Graças, que fica dentro da edificação. O Holiday se encontra em processo de desocupação, por ordem judicial, porque tem instalações elétricas precárias e pode desabar em caso de incêndio.

Hoje, a partir das 15h, dom Fernando Saburido vai receber, na Cúria da Arquidiocese de Olinda e Recife, no bairro das Graças, representantes do governo e da sociedade civil, e moradores do edifício para discutir o caso do Holiday, buscar saídas para solucionar seus problemas e ajudar os residentes em processo de mudança.

Dividindo o espaço com residentes em processo de mudança e equipes da Prefeitura do Recife que auxiliam na transferência das famílias, a missa de ontem contou também com a participação do vigário geral da Arquidiocese, padre Luciano Brito, além de representantes de paróquias vizinhas.  

Para dom Fernando, o momento deve ser encarado como uma etapa de união, luta e companheirismo. “A situação é angustiante e preocupante, principalmente pelo estado do prédio e pelo cenário tão difícil em que se encontram essas famílias. Algo tem que ser feito. Estamos aqui para ajudar a comunidade e contribuir para amenizar esse quadro. Não podemos desanimar diante dessas dificuldades, mas nos fortalecermos, para juntos enfrentarmos e vencermos essa fase”, disse o arcebispo.

A autônoma Eduarda Alexa, 21, que vive no prédio desde que nasceu, comentou sobre a tristeza de ter que deixar o prédio, que deverá ser desocupado até o dia 20. “É desesperador ir embora de lar onde vivi tantas coisas boas, onde você construiu laços e fez história. Há pessoas aqui que não têm para onde ir e estão entrando em depressão. Estamos falando de algo que vai além de uma simples mudança. É uma situação que modifica totalmente nosso dia a dia, mexe com nossa condição financeira e também com o emocional”, contou a jovem, que é mãe de duas filhas pequenas.  

De acordo com a faxineira Ivanilda da Silva, 66, residente do edifício há 18 anos, a interdição está sendo um dos acontecimentos mais difíceis da sua vida, por ter que deixar para trás amigos de longa convivência. “Fomos pegos de surpresa, sem dinheiro para conseguirmos nos mudar dignamente com calma. Deram-nos um prazo muito curto para resolver as coisas. É desumano e extremamente triste sair assim às pressas, abandonando amizades, modificando a rotina, principalmente para pessoas como eu, que moram sozinhas.”, declarou a idosa, que está indo para a comunidade do Entra Apulso, em Boa Viagem.

Segundo o síndico do prédio, Rufino Neto, o momento é de estudos e análises. “Estamos trabalhando com planejamentos. Agora é hora de buscar soluções para resolver todo esse caos. Estamos contando a força da população, a união do povo e a solidariedade das pessoas. Graças a Deus, o povo pernambucano tem sido presente e está lutando conosco”, afirmou. Os moradores tentam levantar R$ 300 mil para consertar as instalações elétricas.

Decisão

No dia 12, o juiz Gomes da Rocha Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital proferiu a sentença determinando que o prédio fosse interditado e desocupado. A decisão foi tomada após requerimento feito pela Prefeitura por causa do risco de incêndio na precária rede elétrica.