ACERTO DE CONTAS » É preciso cuidar da fase inicial do empreendedorismo

por Pierre Lucena
pierre.lucena@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 18/05/2019 03:00

Tenho andado por muitos ambientes de inovação no país. E tenho visto algo extremamente positivo, que é a preocupação com a busca por inovação por parte das grandes corporações.
 
Tem se tornado algo comum o fato destas empresas, muitas ligadas à área de TIC ou grandes prestadores de serviços, plugarem a seu business principal startups com certo grau de maturidade. Tudo casa perfeitamente, já que a possibilidade de interações é imensa e ainda incentivada pelo fato da própria empresa virar investidora e sócia do negócio já com modelo e produtos razoavelmente estabelecidos.

Além disso, os bancos começaram a fomentar ambientes de inovação com enorme competência, já que possuem fundos de investimento atrativos e forte atração de empresas que precisam de novos serviços e processos. Os ambientes mais conhecidos são o Cubo (do Itaú) e o Inovabra (do Bradesco). Este último é o mais novo parceiro do Porto Digital, possibilitando conexões até então muito difíceis para startups ainda sem potencial de clientela em São Paulo. Inclusive iremos fazer o lançamento da parceria no dia 30 de maio no prédio do Inovabra, com a presença do governador Paulo Camara e do prefeito Geraldo Julio. Vimos no nosso novo parceiro um grande potencial de conexões, além do grande acolhimento ao projeto do Porto Digital.

Todas estas iniciativas são extraordinárias e compõem um enorme conjunto de possibilidades para o país se colocar como forte agente de transformação da economia mundial, já que temos mercado e bom ambiente acadêmico, conquistado por boas universidades que temos no Brasil.

Mas estou preocupado com a necessidade de aumento dos instrumentos de fomento ao empreendedorismo no early stage. Em outras palavras, o mercado está procurando startups em estágio mais maduro, mas se em pouco tempo não arrumarmos a base não teremos bons negócios para estes ambientes de mercado.

Aliás, já está sendo comum a reclamação da falta de bons problemas para a criação de novos negócios. E convenhamos: problema é o que não está faltando para ser resolvido.

Só temos duas soluções: ou há um fomento por parte do Poder Público ou o mercado trata disso de forma profissional. Obviamente se ninguém cuidar o mercado irá encontrar alguma forma de buscar uma solução, mas talvez tenhamos perdido um tempo precioso que não temos neste momento. O que estou querendo dizer é que talvez o mercado demore muito a perceber esta necessidade e seja tarde demais. A oportunidade é agora e precisamos expandir as formas de entrada no empreendedorismo.

O Porto Digital está expandindo sua atuação escalando um programa muito bem sucedido na fase pré-incubação, que é o Mind the Bizz. Não há a menor necessidade de criação de um novo programa, já que o ex-presidente Chico Saboya se empenhou muito na formação da metodologia do programa (que ficou muito boa) e agora podemos ganhar escala. Este programa tem grande potencial de geração de negócios, feito em parceria com o Sebrae.

A UFPE também tem participado com muita eficiência, através de uma disciplina Inovação e Empreendedorismo do Centro de Informática da UFPE, conhecida como Projetão. Vários bons negócios saíram de lá.

A oportunidade está aí e custa muito pouco. O espírito empreendedor o país já possui, mas precisamos de mais instrumentos.