Dados de violência sob análise

Publicação: 29/06/2019 03:00

A Rede de Observatórios da Segurança é outra iniciativa recém-lançada que já nasce com poder de ampliar ainda mais o debate sobre a insegurança nas favelas, já que conta com a participação de organizações não governamentais de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Bahia. A ação tem apoio da Fundação Ford e surgiu inspirada no Observatório da Intervenção, que monitorou as ações das Forças Armadas no Rio de Janeiro durante a intervenção federal, no ano passado.

A Rede vai acompanhar 16 indicadores de violência: feminicídio e violência contra a mulher; racismo e injúria racial; violência contra LGBTQ+; intolerância religiosa; violência contra crianças e adolescentes; linchamentos; violência armada; ações e ataques de grupos criminais; manifestação, greve e protesto; violências, abusos e excessos por parte de agentes do estado; policiamento; violência contra agentes do estado; corrupção policial; chacinas; sistema penitenciário e socioeducativo.

“Depois da experiência do Observatório da Intervenção, ficou clara a importância de um monitoramento permanente de indicadores de segurança pública e criminalidade, que vá além dos dados oficiais”, avalia Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança e do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania(CESeC), do Rio de Janeiro. “Vamos contabilizar indicadores que não fazem parte das estatísticas governamentais e isso vai permitir o acompanhamento de políticas e estratégias de segurança em um contexto de endurecimento contra o crime e incentivo ao uso de armas. Achamos essencial oferecer informações para que a sociedade possa fazer escolhas.”

O CESeC formou a rede a partir de articulações e parcerias com quatro organizações que já atuam nas áreas de segurança pública e direitos humanos. São elas: Iniciativa Negra (Bahia); Laboratório de Estudos da Violência (LEV/Ceará); Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop/Pernambuco) e Núcleo de Estudos da Violência (NEV/São Paulo). “A iniciativa da Rede de Observatórios é muito simbólica para um estado como Pernambuco, que convive com índices altos de violência letal e que desde 2017 não divulga esses dados de forma ampla. Coletar e divulgar dados sobre segurança pública e direitos humanos é muito importante para estabelecer o debate sobre segurança pública e para que a sociedade civil possa opinar e reivindicar soluções e alternativas”, reflete Edna Jatobá, coordenadora executiva do Gajop.