PM repete padrões sociais

Publicação: 29/06/2019 03:00

A corporação com 19.600 homens e mulheres passa por uma formação em direitos humanos antes de ir para as ruas. Quem dá as aulas são oficiais e praças da própria PM. Para o  tenente-coronel Luiz Cláudio Brito, porta voz do Comando Geral, se passaram 300 anos desde a extinção da escravidão e apenas agora as pessoas estão tomando consciência sobre o racismo.

“Tudo evolui com o tempo. A PM completou 194 anos, mas não deixamos de ser parte da sociedade. Muitas vezes os futuros policiais chegam à corporação com certos vícios, que tendem a minimizar com treinamento. Ele passou de cidadão comum para  um agente público de segurança”, diz o oficial.

Luiz Brito reforça que a abordagem não deve conter violência, racismo ou preconceito, mas “a PM não é pai de ninguém”. “Fiz incursões em favelas há pouco tempo e encontrei o mesmo problema de vinte anos atrás. Crianças na rua, expostas ao perigo. O que está faltando é conscientização. A PM é entidade pública que deve prover a ordem e a segurança. Não é pai de ninguém.”

O porta-voz do comando diz, ainda, que denúncias contra policiais podem ser feitas nos batalhões das áreas ou na Corregedoria. “O número 190 é para todos. Se a pessoa se sentiu constrangida, se houve abuso de autoridade ou indício de abuso, se sentiu-se humilhada, tratada de forma preconceituosa, tem o direito de ligar para o 190 e pedir para falar com o coordenador.” Para o oficial, o fato da acusação ser contra um policial em um organismo da corporação não deveria intimidar a vítima. A denúncia, diz ele, é “uma questão pessoal. É querer fazer.”

Luiz Brito também destacou o programa Polícia Amiga, que busca chegar mais próximo da comunidade. “Existe o sistema chamado Koban , que é oriundo do conceito japonês de policiamento. Estamos adotando em Paulista e no bairro de Boa Viagem, no Recife. Vai ser ampliado para outras cidades cujas prefeituras tenham interesse.”