Litoral manchado Estado já recolheu em dois dias 20 toneladas de petróleo cru que atingiram a costa pernambucana

Rosália Vasconcelos
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Publicação: 19/10/2019 03:00

No segundo dia de operações para tentar minimizar os efeitos da chegada de petróleo no litoral de Pernambuco, foram recolhidas 20 toneladas de óleo na faixa de areia atingida e 600 litros em alto-mar, antes de chegar na orla. Na quinta-feira (17), equipes montadas pelo governo do estado haviam recolhido no mar 1,2 mil litros do mesmo material. Segundo a Secretaria estadual de Meio Ambiente, até agora seis praias pernambucanas foram atingidas. Carneiros, Boca da Barra e Mamucabinhas, em Tamandaré, além de Ilha de Santo Aleixo, Guaiamum e Praia de Aver o Mar, estas três últimas em Sirinhaém. Fragmentos de petróleo cru também tocaram os Rios Una e Persinunga, em São José da Coroa Grande, e Rio Formoso, no município de Rio Formoso, mas foram recolhidos antes que se espalhassem pelos estuários.

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, José Bertotti, neste sábado (19) o monitoramento continua no litoral sul de Pernambuco. “Assim que o sol raiar, um helicóptero da Secretaria de Defesa Social (SDS) vai percorrer o litoral para identificar quais os pontos sensíveis para que possamos agir. Também temos equipes mobilizadas nas praias de Maracaípe (Porto de Galinhas), em Mamucabinhas, em São José da Coroa Grande e nos estuários, para fazer vistorias e ver se existem novas manchas”, detalhou Bertotti. Uma mancha de aproximadamente um metro de diâmetro foi detectada na foz do Rio Una, no município de São José da Coroa Grande, divisa com Alagoas.

O secretário de Meio Ambiente ainda ressaltou que existe risco das manchas de óleo chegarem às praias de Porto de Galinhas e da Região Metropolitana do Recife. “Elas estavam indo para o litoral de Sergipe e Bahia, mas foi identificada uma corrente marinha sul-equatorial que vem da África e se bifurca entre Pernambuco e Paraíba”, disse. No entanto, não há como prever nem onde, nem quando, nem com que frequência e intensidade o óleo chegará atingindo o litoral do estado. “Não temos o ponto de partida desse óleo. Se eu não tenho essa informação, não sei o ponto de chegada. O governo federal não identifica qual o ponto de origem do petróleo. E se ele identificasse, saberia como ele se movimenta pelas correntes”, retruca.

Bertotti lembra que só quem pode monitorar o alto-mar é a Força Aérea. “O governador Paulo Câmara procurou o brigadeiro do comando aéreo e ele disse que não tinha autorização para monitorar o alto-mar. Então solicitamos por ofício ao comandante das forças aéreas para fazer o que já deveria ter sido feito, que é identificar e monitorar essas manchas, porque, pelo menos em tese, eu saberia quais os pontos ele atingiria. Não sabemos nem se o óleo vem do oceano ou do litoral, por isso é necessário esse trabalho permanente de monitoramento”, coloca Bertotti.

Quando as equipes detectam qualquer mancha de óleo no mar, há uma mobilização para retirar o material do alto-mar antes que chegue à orla numa política de redução de danos. Esse arraste é feito com mantas de proteção, utilizadas ontem na Ilha de Santo Aleixo, e com redes de pesca. Ao todo, 300 técnicos estão envolvidos nesse trabalho. Além do helicóptero da SDS, ainda estão sendo usados no monitoramento um drone da Casa Civil, 30 viaturas do governo do estado, oito caminhões (sendo cinco de transporte militar e três de carga), três tratores, três barcos, um catamarã cedido por empresários, uma lancha cedida e um navio patrulha da marinha.