22 mil gestos pela vida Com número crescente de procedimentos, Central de Transplantes de Pernambuco comemora 25 anos de serviços como referência

MARIANA FABRÍCIO
mariana.fabrício@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 13/12/2019 03:00

A enfermeira Carla Ribeiro, 33 anos, viveu por sete anos a angústia de esperar um fígado para transplante. Após sofrer complicações em uma cirurgia de retirada de pedras na vesícula, ela precisou de um novo órgão.

Após ser avaliada pela junta médica da Central de Transplantes de Pernambuco, Carla se operou em 2013. Hoje, a história de superação serve de exemplo. Como coordenadora do setor de transplantes pediátricos do Hospital Oswaldo Cruz, encoraja seus pacientes. Criada antes do Sistema Nacional de Transplantes, a central pernambucana comemorou ontem 25 anos, além da marca de 22 mil procedimentos.

“Muitas vezes eu me vejo naquela mesma situação de novo. É um desafio constante encarar uma realidade que eu mesma já vivi. Muitos enxergam um exemplo na minha história porque percebem que o transplante dá certo e que o seu parente querido não partiu em vão, já que tem alguém que vive através de um órgão dele que foi doado. Graças à chance que alguém me deu, pude voltar a trabalhar e conviver com essa missão de ajudar e confortar outras pessoas.”

Pernambuco tem 1.448 pacientes aguardando transplantes. A maior fila é a de rim, com 1.087 pessoas, seguida de córnea (188), fígado (113), medula óssea (29), coração (17) e rim/pâncreas (14). No período de janeiro a outubro foram realizados 1.378 transplantes. Desse total, foram 647 de córnea, 324 de rim, 210 de medula óssea, 133 de fígado e 39 de coração. Todos esses procedimentos passaram por profissionais da Central, do diagnóstico de um possível doador ao serviço de captação e a cirurgia. Desde 2017, Pernambuco mantém o status de córnea zero - todo paciente inscrito na fila  faz o transplante de córnea em até 30 dias.

A lei brasileira permite a doação de órgãos e tecidos apenas após autorização de parentes de até segundo grau. A resistência das famílias ainda é o maior entrave, chegando a 50% nos casos de morte encefálica. “O maior desafio é reduzir as taxas de recusa. Pernambuco tem capacidade de transplantar muito mais. Então sensibilizar a comunidade é essencial”, afirma o secretário estadual de Saúde, André Longo.

Segundo a análise feita no terceiro trimestre deste ano pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Pernambuco ocupa o primeiro lugar no Norte-Nordeste no número de procedimentos de coração, rim, pâncreas e medula óssea. “Temos uma história concreta de avanços que nos dá ânimo para continuar crescendo a política de transplante. O estado vem se destacando, se tornando referência nesse tratamento de alta complexidade”, diz a coordenadora da CTPE, Noemy Gomes.

A fila é maior entre pacientes que precisam de um rim porque, segundo o nefrologista Amaro Andrade, o tratamento mantém a pessoa estável enquanto aguarda pela cirurgia.

Números

3 tipos de cirurgias mais realizadas desde 1994

  1. Córnea - 12,3 mil
  2. Rins - 4,5 mil
  3. Medula óssea - 2,7 mil
Cirurgias de 2019
  • 647 de córnea
  • 324 de rim
  • 210 de medula óssea
  • 133 de fígado
  • 39 de coração