"Deixo a porta aberta para poder correr'

Publicação: 03/12/2019 03:00

Ainda que os laudos emitidos até o momento atestem segurança da estrutura do Hospital, não são poucos os relatos de medo e pânico de quem trabalha diariamente no complexo. Uma funcionária contou ao Diario que “quando se ouvem estalos ou o prédio estremece”, muitos funcionários correm para o necrotério, que julgam ser uma área mais segura. “Eu deixo a porta da Área Vermelha aberta para tentar correr, se der tempo. Essa situação é uma tragédia anunciada”, disse.

Um médico do HGV informou que nos grupos de WhatsApp da unidade os profissionais de saúde estão sendo orientados a trabalhar com crachá para, em caso de acidente, facilitar a identificação. Também há recomendação de levarem apitos e precisam avisar formalmente qualquer troca ou repasse entre plantonistas. Uma petição online foi criada (https://secure.avaaz.org/po/community_petitions/Minist_14/?lzHoWgb), pedindo ajuda ao MPPE

“Neste momento, todos os trabalhadores são tomados por sentimentos de medo e insegurança. Um laudo superficial e omisso emitido pela Defesa Civil orienta que devemos trabalhar em uma área restrita do prédio, mas falta transparência no processo e muitos esclarecimentos precisam ser feitos”, diz o texto da petição.

“Essa situação é muito antiga. Em 2014, eu estava lá quando sentimos o prédio todo tremer. Fizeram análises e amarraram as colunas. Mas tudo o que é feito ali é de forma paliativa. Tem rachaduras por dentro, as janelas emperram. O subsolo está completamente amarrado. Eles dizem que é a estrutura se acomodando, mas ninguém acredita porque só quem está lá todo dia sabe. E estamos trabalhando na maior tensão porque não é seguro. O problema é que não querem interditar um hospital desse tamanho porque o remendo vai ser pior”, disse uma profissional de enfermagem, que trabalha há 13 anos no HGV.

Algumas entidades, como o Sindicato dos Técnicos e Enfermeiros de Pernambuco (Satenpe) e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), estão atuando para tentar tirar os profissionais de dentro do hospital. “Tivemos uma rodada de reuniões com a gestão do hospital e a Secretaria estadual de Saúde. Nós queremos um laudo do Crea-PE e queremos a interdição até que esse problema estrutural do hospital tenha um ponto final, com retorno dos médicos à unidade apenas em condições absolutamente seguras. Não dá para trabalhar nesse clima de insegurança e temor”, disse a presidente do Simepe, Cláudia Beatriz.