Retirada de passageiros de navio começa hoje Governo do estado informou que negociações com embaixadas dos países de origem estão avançadas

Publicação: 17/03/2020 03:00

A retirada dos passageiros do navio de bandeira bahamenha Silver Shadow, que está parado no Cais 2 do Porto do Recife desde a quinta-feira (12), deve ter início hoje. A embarcação foi impedida de seguir percurso quando um dos viajantes, um canadense de 78 anos, apresentou sintomas do novo coronavírus. No sábado, foi confirmado que o turista testou positivo para Covid-19. De acordo com o governador Paulo Câmara, as tratativas com o governo federal e com embaixadas e consulados dos países de origem dos passageiros do navio estão avançadas.

Todos os passageiros do Silver Shadow são estrangeiros. A embarcação tem 607 pessoas de 18 nacionalidades diferentes, sendo 316 passageiros e 291 tripulantes. O Reino Unido já providenciou um avião para retirar seus cidadãos. Informações extraoficiais apontam que são quase 100 viajantes.

O governo de Pernambuco informou, ontem, que está negociando a retirada dos passageiros e da tripulação com a empresa responsável pelo navio. Aviões vão levá-los do Recife aos países de origem. “Acredito que amanhã teremos resolução para essa questão”, disse Paulo Câmara. “Caberá ao estado garantir a segurança deles no trajeto do navio ao aeroporto, mas ainda não temos confirmação de datas e horários dos voos, mas isso já está sendo tratado”, completou o secretário estadual de Saúde, André Longo.

O quadro de saúde do passageiro que testou positivo para o novo coronavírus vem sendo monitorado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) diariamente, bem como dos demais turistas e funcionários do cruzeiro. Uma segunda notificação relacionada ao navio foi descartada no domingo (15). No entanto, outra pessoa que teve contato com o caso confirmado recebeu diagnóstico positivo para o Covid-19 e está entre as quatro confirmações do novo coronavírus no estado por contato. “Esse novo caso relacionado ao cruzeiro está em isolamento domiciliar. Ou seja, relacionado ao cruzeiro foram dois casos confirmados, sendo um por contato e um descartado”, informou a SES-PE.

O governo de Pernambuco esclareceu que já foram realizadas reuniões presenciais e por telefone com o Ministério da Saúde, a Marinha e os representantes das embaixadas para encontrar uma maneira segura de providenciar o retorno de todos os passageiros e tripulantes do cruzeiro aos seus países de origem. “A gestão estadual considera a situação uma das prioridades no momento e mantém todos os esforços para uma conclusão o mais breve possível”, ressaltou a SES-PE.

Antes de um navio atracar, é de praxe que seja emitida a “declaração de saúde” - boletim pelo qual a Anvisa é informada de ocorrências atípicas, como casos de febre ou diarreia a bordo. Somente após a análise deste documento é que os passageiros podem desembarcar. O relatório também é disponibilizado pelo comandante do navio aos órgãos anuentes, como Capitania dos Portos, Receita Federal e Polícia Federal, cerca de 24 horas antes do horário previsto de chegada da embarcação. Em um caso suspeito, o comandante do navio deve providenciar a lista de viajantes com identificação de função, cabine, possíveis contatos a bordo, escalas e conexões.

Interdição
Na sexta-feira (13), o governo de Pernambuco proibiu a chegada de cruzeiros e embarcações de grande porte com passageiros no estado. A medida terá validade enquanto durar o estado de emergência por causa da pandemia do novo coronavírus. Até o fim do mês, quatro cruzeiros chegariam à costa pernambucana com 4.748 passageiros. Outras quatro embarcações atracariam no Porto do Recife em abril com mais 6.285 viajantes, totalizando 11.033 passageiros, além das tripulações com quantitativo não informado.

A temporada de cruzeiros no estado foi aberta em novembro de 2019 e seguiria até abril deste ano. Quando anunciada, a expectativa era de um crescimento de cerca de 70% no número de turistas, somando 40 mil, e de 36% em relação aos navios, totalizando 26. Além da movimentação na economia, que previa injetar R$ 8 milhões em Pernambuco.