Dormir na casa dos patrões é comum

Publicação: 06/06/2020 03:00

Relato comum do trabalhador doméstico é a obrigação de dormir no emprego. “Aqui a cultura é a da servidão. Estou pagando e a pessoa tem que fazer do jeito que eu quero. O patrão pensa: não vou pagar para eu acordar cedo e ter que preparar meu desjejum”, entende Luiza Batista, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas.

Essa ideia da servidão é tão impregnada na atitude do empregador que não há sequer a preocupação com a saúde do trabalhador doméstico, segundo relatos da categoria. Muitos deles, para garantir a sobrevivência, convivem com patrões ou filhos destes com doenças contagiosas. E sem receber equipamentos de proteção adequado o distanciamento necessário.  

As noites dormidas no emprego remetem à distância dos filhos e ao desconforto dos chamados quartos de empregada – sem janelas e minúsculos. “A grande dor da trabalhadora doméstica é que a gente não acompanha o crescimento dos nossos filhos, não tem chance de sentar, conversar, orientar para que nossos filhos não se envolvam com algo errado”, reflete.

Quanto ao uso de uniforme, Luiza Batista destaca que a decisão deve ser tomada em consentimento com o trabalhador doméstico, que precisa se sentir bem com a roupa.