Mãe de Miguel foi ver a ex-patroa

Publicação: 30/06/2020 03:00

Em frente à delegacia, por horas, a mãe de Miguel exigia ficar frente à frente com Sarí Côrte Real. Elas haviam se encontrado pela última vez no velório do menino, ocorrido em 3 de junho, um dia após a criança ter caído do nono andar do Píer Maurício de Nassau, de uma altura de 35 metros. “Enquanto ela está com dois filhos, dando amor e carinho, eu não tenho mais nenhum para dar amor e carinho”, desabafou Mirtes, na porta da delegacia.

Por volta do meio-dia, Mirtes teve seu desejo de estar frente a frente com Sarí atendido. Entrou na delegacia. O encontro das duas demorou cerca de uma hora, 28 dias após a morte do menino Miguel. Ao deixar o prédio, por volta das 13h30, Mirtes estava indignada. Disse não ter visto sinais de arrependimento da ex-patroa. “Ela não me pediu desculpas”, afirmou, classificando a ex-patroa, por mais de uma vez, de “monstro”. A Sarí do encontro de ontem, segundo a mãe de Miguel, não era a mulher para quem trabalhou durante quatro anos e nem para quem a sua mãe e avó de Miguel, Marta Maria Santana Alves, havia trabalhado por seis anos.

“Ela disse que (eu e minha mãe) não tínhamos obrigação de cuidar dos filhos dela. A gente só cuidava porque de manhã ela tinha que correr, depois tinha que ir ao salão, academia, shopping. O povo não parava em casa. Ela disse na minha cara que não apertou o botão (do elevador). Todo mundo viu! Ela vir dizer na minha cara que não apertou. Mentiu na minha cara friamente”, desabafou, ao deixar a delegacia.

Mirtes também voltou a falar que trabalhava para Sarí, junto com a mãe, mas recebia o salário pela Prefeitura de Tamandaré. “Ela disse para assinar o contrato de trabalho pela prefeitura. Meu nome ainda consta na folha de pagamento. Eu recebi o salário de maio, mas não recebi o de junho. Para onde está indo esse dinheiro?”, questionou.

O nome de Mirtes constava na lista de cargos comissionados da Prefeitura de Tamandaré, o que levou o Tribunal de Contas do Estado (TCE) a abrir uma auditoria.