Óleo volta às praias do litoral pernambucano Fragmentos de petróleo cru foram encontrados na faixa de areia de Muro Alto, Cupe e Tamandaré

Publicação: 23/06/2020 03:00

Manchas de óleo voltaram a aparecer em duas praias do litoral pernambucano, nove meses após resíduos terem chegado pela primeira vez na orla do estado. Os resíduos foram encontrados em Muro Alto e Cupe, ambas em Ipojuca, e em Tamandaré. As três ficam no Litoral Sul. Os fragmentos foram encontrados neste final de semana. As primeiras manchas apareceram na orla de Pernambuco no dia 2 de setembro do ano passado.

“Esse óleo é provavelmente o que ficou enterrado devido à dinâmica sedimentar e volta a aparecer devido à passagem de grandes ondulações na costa do Nordeste”, afirmou a organização em seu perfil nas redes sociais. Na mesma postagem, ela relata ter recebido informações de que o óleo voltou a aparecer recentemente na Bahia e Alagoas.

O reaparecimento das manchas comprova, segundo a Salve Maracaípe, a necessidade de se priorizar o monitoramento do fenômeno. “Desde o início do aparecimento, em 2019, avisamos que é importante investir em monitoramento constante, pois o impacto não acaba quando a grande mancha é recolhida”, frisou. E reforçou que as novas manchas eram a “fase pós-emergência”. Daí, a importância da gestão pública não fechar os olhos para o problema. “Ainda há muito trabalho a ser feito nesses próximos anos para entendermos de fato os impactos desse derramamento”, previu.

Equipes da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas), da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), da Capitania dos Portos de Pernambuco, da organização Salve Maracaípe e do Ibama vistoriaram, ontem pela manhã, Cupe e Muro Alto, e Ipojuca, e também a Tamandaré, no município de mesmo nome.

Em nota, a Capitania dos Portos afirma ter removido os fragmentos avistados nas praias do Cupe e de Muro Alto, no município de Ipojuca-PE. “Uma Equipe de Inspeção Naval realizou a limpeza, assim como a coleta do material, que foi enviada para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), no Rio de Janeiro”, afirmou.

A Semas, também por comunicado, informou que primeiras avaliações técnicas apontam que o material encontrado é proveniente de manchas de petróleo que atingiram o litoral do Nordeste e parte do Sudeste do país, no ano passado. E disse que o material provavelmente estaria sedimentado no leito ou preso em corais e chegaram às areias das praias por conta de uma combinação de fatores meteorológicos que reviraram o fundo e soltaram os fragmentos sedimentados.

A orientação dada aos municípios é que, caso apareçam novos resíduos nas praias, as prefeituras recolham e acondicionem os fragmentos em tonéis. Os resíduos devem, segundo a secretaria, serem levados a aterros industriais ou destinados à reciclagem.

ÁREAS

Em Pernambuco, as manchas de óleo que atingiram o litoral nordestino deixaram vestígios em, ao menos, 47 praias e oito rios nos municípios de Barreiros, Cabo de Santo Agostinho, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Rio Formoso, São José da Coroa Grande, Sirinhaém, Tamandaré, Goiana, Recife e Olinda.

A quantidade de óleo coletado superou 1,5 mil toneladas, encaminhadas para o Centro de Tratamento de Resíduos Pernambuco, em Igarassu. Além disso, segundo a Semas, foram instalados 3.045 metros de barreiras de contenção em diversas praias e rios, enquanto a proibição da pesca afetou a vida de milhares de pescadores e marisqueiras.

No processo de limpeza das praias, ao menos 66 pessoas sofreram intoxicação pelo contato com o óleo cru e foram monitoradas. Dessas, 26 eram do Cabo de Santo Agostinho, onde se encontrou óleo em praias como Suape, Paraíso, Itapuama e Paiva; 18 de São José da Coroa Grande e seis em Ipojuca.