Uma pequena multidão se reuniu em frente à delegacia

Publicação: 30/06/2020 03:00

O depoimento de Sarí levou dezenas de pessoas ao entorno da Delegacia de Santo Amaro. Aos familiares de Mirtes Renata, juntou-se um coro de críticos contra a primeira-dama de Tamandaré. O depoimento terminou por volta do meio-dia, mas ela não deixou o local de imediato. Na rua, a manifestação ganhava cada vez mais força. Gritos de “assassina”, “covarde” e “justiça por Miguel” foram ouvidos diversas vezes.

Sarí estava acompanhada de dois advogados, um deles Pedro Avelino, além do sogro e do marido, o prefeito de Tamandaré. Para evitar agressões a ela, a equipe da delegacia realizou duas manobras. Primeiro, foi permitido que a traseira do veículo ficasse literalmente à parede da delegacia, para evitar que a mulher tivesse que se deslocar muito tempo. Mas a fúria popular se intensificou. Foi necessário chamar uma equipe do Core para viabilizar sua saída por causa do protesto.

Após muita espera, às 14h30, Sarí deixou a delegacia escoltada por policiais e foi colocada na viatura do Core. A população deu socos e tapas no veículo e a tia de Miguel, Eriloudes, se colocou na frente por alguns momentos. Ao sair da frente do carro, passou mal e foi socorrida por policiais, que a levaram em uma viatura para uma policlínica em Afogados.

Memória
Miguel morreu no dia 2 de junho após cair do nono andar do Píer Maurício de Nassau. Chorando e procurando a mãe, que havia saído para passear com a cadela da patroa, Miguel entrou diversas vezes no elevador do edifício. Por quatro vezes, segundo imagens das câmeras de segurança do prédio, ele foi retirado por Sarí. Na quinta vez, o veículo subiu até o nono andar, após o menino ter apertado alguns botões e Sarí um deles. Ao deixar o elevador, Miguel teria ido ao espaço reservado aos condensadores de ar-condicionado, lugar de onde caiu.

Ainda com vida, Miguel foi levado ao Hospital da Restauração, mas não resistiu. Sarí chegou a ser presa no dia da morte do garoto, contudo libertada após pagamento de fiança de R$ 20 mil. Como Sarí estava com a “guarda momentânea da criança”, ela foi considerada parcialmente culpada pela Polícia Civil pelo acidente, caso previsto no art. 13 do Código penal, que trata de homicídio culposo.