A gênese de novas crenças e valores

Publicação: 01/08/2020 07:30

Uma das principais tendências é a revisão de crenças e valores. Seremos melhores enquanto sociedade? Para a psicóloga mestra em psicologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit-PE), Letícia Souto, as possíveis mudanças vão passar por uma escolha ética. “Não sei se sairemos melhores, mas, certamente, diferentes. É muito arriscado dizer que iremos melhorar”, enfatiza.

“Talvez, a única saída seja coletiva. Um pequeno detalhe, a escolha de não sair de casa, as atitudes individuais têm implicação no todo, no coletivo. Nessa crise sanitária, política e econômica, somos mais do que impulsionados, forjados à necessidade de tentar pensar eticamente e agir eticamente. E essa nova ética é diferente da que está posta atualmente.”

Exceto para os que negam a realidade, as mudanças serão inevitáveis. “Ainda que se tenha uma vacina, esse controle não virá por absoluto. Pelo menos não no médio prazo. Algo do desconhecido já atravessou os sujeitos e isso tem desdobramentos no nosso comportamento. Somos diferentes e singulares em nossa constituição, então esses desdobramentos serão diferentes. Não é de se estranhar, portanto, que haja uma diversidade grande nos posicionamentos e atitudes neste momento.”

A doutora em ciência política e professora do curso de direito do Unit-PE, Maria Carmen Chaves, acredita que já está havendo e continuará existindo um cuidado com o outro. “Esse olhar mais cuidadoso, preocupado com o coletivo, vai ser um resultado no pós-pandemia”, observa.

No curto prazo, Maria Carmen considera que abraços e o contato físico serão menos comuns. “Essa é uma necessidade humana, então acredito que, no médio prazo, esse afeto físico volta”, comenta. No médio prazo ela imagina que manifestações culturais serão transformadas. “Não consigo visualizar grandes festas. A maioria das pessoas terá medo. “No longo prazo, os principais resquícios serão no sentido de reorganizar a vida social e econômica, que está desestruturada”, diz.