Um novo carnaval para novos foliões?

Publicação: 01/08/2020 07:30

As ladeiras cheias e o calor do carnaval de Olinda parecem cada vez mais distantes dos foliões. Com a proibição de aglomerações e a falta de previsão exata para uma vacina, o evento que nasceu no início do século 20 pode não acontecer em 2021, dando lugar às lives. Um dos blocos mais tradicionais, o Elefante trabalha com a possibilidade de adiamento. Caso isso aconteça, será a primeira vez que a troça não tomará a Rua do Bonfim desde 1952.

“A gente não sabe ainda se vai ter carnaval. Mas se tem uma coisa que podemos adiantar é que esta indecisão já inviabiliza muita coisa. O processo de botar o bloco na rua vem de antes, nesta época do ano nós já deveríamos estar finalizando as camisas para colocar à venda em setembro e outubro, para arrecadar dinheiro e pensar em toda logística e a parte financeira”, diz o designer e fotógrafo Célio Gouveia, que, há três anos, participa da organização do clube.

RECURSOS
De acordo com a Prefeitura de Olinda, em 2020 cerca de R$ 8 milhões foram investidos no carnaval, 70% provenientes da iniciativa privada e 30% dos cofres públicos do município. A ocupação da rede hoteleira, à época, chegou a 98%. Apenas no período momesco, 100 mil empregos diretos e indiretos foram criados. Pelo menos 3,6 milhões de pessoas aproveitaram a festa.

“Enquanto não houver folia, a gente pode e deve, tanto o Elefante quanto outras agremiações, fazer uma articulação para arrecadar recursos para auxiliar as pessoas que trabalham com o carnaval. Será uma situação muito difícil para quem depende do período”, afirma Célio.

“Quando percebemos que a pandemia iria durar muito, pensamos o que poderíamos fazer para movimentar o Elefante e ajudar músicos, porta-estandartes e ‘faixeiros’. Decidimos criar um projeto, o Jornada de Frevo, evento online que contou com palestras, discotecagens e shows. Cobramos um ingresso solidário para ajudar essas categorias com cestas básicas.”

Para Célio, a parada, caso aconteça, não conseguirá esfriar o amor pela festividade. “O sentimento continua bem vivo, principalmente em Olinda. As pessoas decoram as casas com as cores do Elefante, vão às prévias”, comenta o organizador, que também não acredita em menos investimentos por parte do poder público nos anos após Covid-19. “O carnaval é um investimento do estado. É uma festa que dá lucro, que vende o estado para o turismo.”

O secretário de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes, afirmou que precisa de prazo maior para a definição sobre o carnaval, mas que uma reunião será realizada na segunda-feira (3) para garantir a viabilidade econômica do evento. O que se sabe é que o estado não poderá realizar a festividade como de costume, caso não seja disponibilizada a vacina.