Ciclistas sofrem para utilizar vias exclusivas Com a retomada de circulação após a quarentena rígida, Bike PE registrou alta no número de viagens, mas lixo e outros obstáculos põem usuários em risco

Publicação: 20/10/2020 03:00

Lixos, entulhos, pedestres e carros. Esses são alguns dos obstáculos que os ciclistas têm que desviar durante a utilização das vias exclusivas para bicicletas. O espaço dedicado àqueles que preferem circular pela cidade ao ar livre também apresentou limitações. Durante algumas das principais vias das cidades do Recife e Olinda, a reportagem do Diario de Pernambuco flagrou ciclistas disputando espaço com carros, ônibus e motos. Em outra situação, era frequente a presença do transporte circulando nas calçadas.

José Hildo, 35, trabalha com construção civil e informou que, para chegar ao trabalho, precisa desviar de entulhos e lixos deixados nas ciclovias. Na Avenida Norte, onde José pedalava na manhã desta segunda-feira (19), registamos a dificuldade dos condutores para contornar veículos que saíam de estabelecimentos e precisavam cruzar a ciclofaixa.

“É difícil porque todos os dias tem lixo na via, buracos, saída de esgoto com a tampa levantada. Fica muito complicado de andar desse jeito. Passo aqui para ir ao trabalho e muitas vezes me aborreço”, afirmou.

Já na Orla de Olinda, apesar da ciclovia livre, muitos ciclistas seguiam o trajeto pelas calçadas, dividindo espaço com pedestres que corriam e caminhavam. A cidade tem um sistema de mobilidade com apenas 13,3 km de ciclovias, sendo 3,5 km na Avenida Marcos Freire, na beira-mar. O município estuda implantar ciclofaixas para fazer conexão com as rotas existentes e ampliar a capacidade da rede cicloviária.

O mapeamento das futuras ciclofaixas está sendo feito com apoio de organizações em defesa dos ciclistas. A beira-mar é uma das opções de rota para interligar os municípios de Paulista e Recife, sem falar na PE-15. Uma visita técnica feita por integrantes da Bike Anjo, Ameciclo e Olinda Bike Club com técnicos do município e do prefeito da cidade identificou as necessidades de melhoria em vários pontos, incluindo a beira-mar. Um dos problemas apontados é a areia que invade a ciclovia e atrapalha a circulação.

Para o pedreiro Júnior dos Santos, 28, as vias exclusivas para bicicletas precisam de fiscalização.

“Se não tem fiscalização as pessoas não ligam e fica por isso mesmo”, contou.

De acordo com Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), a capital possui 140 quilômetros de malha cicloviária, que são compostas por ciclovias, ciclofaixas e ciclorotas, além de 30 quilômetros de rotas operacionais.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o motorista que estacionar sobre a ciclofaixa ou ciclovia, se flagrado cometendo a infração, poderá pagar uma multa de R$ 127,69 além da inclusão de cinco pontos na carteira de habilitação.

ADESÃO
Com a retomada gradual de circulação na Região Metropolitana do Recife após a quarentena rígida, o sistema Bike PE registrou uma crescente no número de viagens em dias úteis. A média diária aumentou 25% de maio para junho, e o número de usuários que pedalaram cresceu 21% no mesmo período.