Suposto assassino de Beatriz se diz inocente Em carta apresentada por seu advogado, Marcelo da Silva afirma que confessou morte da criança, ocorrida em Petrolina, após ser pressionado

Publicação: 19/01/2022 03:00

Marcelo da Silva, 40, que foi apontado pela Secretaria de Defesa Social, há uma semana, como assassino confesso da menina Beatriz, se diz inocente. Em carta divulgada ontem por seu advogado, Rafael Nunes, o suspeito alega que admitiu o crime porque foi pressionado. “Não matei a criança. Confessei na pressão. Pelo amor de Seus, eles querem minha morte, preciso de ajuda. Eu quero viver. Eu não sou assassino. Quero falar com a mãe da criança”, escreveu Marcelo. A menina de 7 anos foi esfaqueada em dezembro de 2015, dentro de uma escola privada em Petrolina, onde acontecia a formatura de sua irmã mais velha.

“A confissão é hilária. [Ele estava] desacompanhado do advogado, com quatro delegados em uma sala e me parece que o Ministério Público também, além de diversos agentes [penitenciários]. Em uma hora dessas a gente confessa até o que não fez. Iremos pedir que ele seja reinquirido. Quando eu tive o primeiro contato com ele, ele me disse: ‘doutor, me ajude, eu confessei na pressão. Eu não matei Beatriz, eu sou inocente, doutor. Eles querem me matar’”, disse o advogado à TV Guararapes.

Com relação ao DNA na faca, Rafael julga a prova questionável. “Há quem diga que com o DNA não se discute mais nada. Se discute sim. Por que só agora, depois dos genitores da vítima caminharem 700 km (entre Petrolina e o Recife) e o governador aceitar federalizar o caso, curiosamente, cai de paraquedas o DNA milagroso? Queremos colocar esse caso na mão de peritos renomados. Queremos a federalização desse caso.”

A SDS anunciou a conclusão do caso no dia 12, detalhando que a menina foi morta por Marcelo porque se assustou ao vê-lo segurando uma faca dentro do colégio. O criminoso, que já está preso por outros delitos, foi identificado através de exames em resíduos de DNA deixados na faca.

O secretário de Defesa Social, Humberto Freire, contou que o homem entrou na escola para pedir dinheiro. Ao ver Beatriz, tentou contato com a criança de sete anos, que ficou com medo. Marcelo então matou a menina com dez facadas (e não 42, como se acreditava anteriormente) para silenciá-la.

Após o anúncio, os pais da menina, Lucinha e Sandro Motta, se mostraram céticos e disseram que era “prematura” apontar Marcelo como culpado. Já o Ministério Público de Pernambuco solicitou perícias complementares à polícia.