Adolescente de 14 anos passa por transplante de fígado Caso será investigado como sendo uma possível hepatite aguda infantil, doença misteriosa que surgiu na Europa e assusta pediatras pelo mundo. Será a sétima notificação no estado, a mais grave até o momento

Publicação: 21/05/2022 06:15

A Secretaria Estadual de Saúde investiga mais um caso de suspeita de hepatite aguda infantil em Pernambuco. Desta vez, trata-se de algo grave. Médicos do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife, anunciaram nessa sexta-feira que fizeram um transplante emergencial de fígado em uma adolescente de 14 anos. A situação passou imediatamente a ser investigada como sendo causada pela misteriosa doença que surgiu na Europa, neste ano, e vem assustando pediatras pelo mundo. A inflamação não tem ainda sua causa conhecida, e, em casos graves, exige um transplante de fígado. De acordo com os profissionais do hospital, a cirurgia foi bem-sucedida, e a jovem segue em observação.

O caso já foi notificado ao Ministério da Saúde. A adolescente é de Ibimirim, no Sertão do estado, e estava internada no Hospital Mestre Vitalino, em Caruru, desde o dia 16. Além dos clássicos sintomas de hepatite como icterícia (pele amarelada), cansaço e vômito, apresentou também urina escura (colúria), quando seu quadro se agravou e passou a ter também encefalopatia hepática, passando à lista de prioridade de transplante de fígado, já no Oswaldo Cruz.

A Central de Transplantes de Pernambuco e a Central Nacional de Transplantes foram, então, envolvidas. A doação veio do Paraná. O fígado foi transportado pela Força Aérea Brasileira (FAB) até o Recife.

Essa foi a sexta notificação de hepatite misteriosa em Pernambuco. Na última terça-feira (17), houve outras duas inclusões na lista, duas meninas, uma de 9, de Casinhas, e outra de 11 anos, de Camaragibe, internadas no Oswaldo Cruz e no Imip, respectivamente. Antes, houve os casos de bebê de um ano, de Toritama, que já teve alta, e uma menina de três anos, de Glória do Goitá, que também segue internada no Imip. O caso de um adolescente de 14 anos, de Salgueiro e que ainda se encontra no Hospital Oswaldo Cruz, foi descartado. Ele testou positivo para chicungunha, uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue.

Em todo o território nacional, mais de 50 casos estão em investigação, sendo uma morte. O primeiro registro de um caso de hepatite aguda grave aconteceu na Inglaterra. De acordo com o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Enfermidades (ECDC) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), os vírus comuns da hepatite não apareceram em nenhum dos casos até o momento. Por lá, a hipótese com mais força é a de que a origem desse tipo de hepatite pode ser um patógeno comum, identificado por “adenovírus 41”, que causa doença pulmonar leve. Há quem também considere que possa ser um efeito de uma infecção prévia por Covid-19.

De forma geral, os sintomas que estão sendo apresentados nas pessoas com suspeita são pele amarelada, febre e inchaço na região do abdômen. Mas caso a hipótese americana se concretize, mais alguns poderão ser incluídos na lista, a exemplo de problemas respiratórios e digestivos, assim como conjuntivite. Todos em grau leve. Mas, houve pelo mundo algumas dezenas de casos de meninos e meninas que precisaram realizar transplantes de fígado, como no caso da adolescente pernambucana no Hospital Oswaldo Cruz. São os casos considerados mais graves.