Mais dois casos suspeitos de hepatite em PE Agora são sete os pacientes investigados por talvez estarem com a misteriosa doença, que surgiu este ano na Europa. Uma adolescente precisou de transplante

Publicação: 27/05/2022 05:50

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou ontem que notificou ao Ministério da Saúde (MS) mais dois casos suspeitos de hepatite aguda infantil, doença misteriosa, surgida neste ano, cujas causas ainda estão sendo pesquisadas por cientistas de todo o mundo. Agora são sete os pacientes em investigação (um oitavo caso já foi descartado). A primeira das notificações feitas nessa quinta-feira envolve o primeiro caso diretamente no Recife: uma bebê de um ano de idade, internada no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) desde a última segunda-feira (23). Ela apresentou como sintomas vômito, diarreia, icterícia (pele amarelada), febre, entre outros. Ela continua sob observação recebendo medicamentos e fazendo exames complementares na instituição.

O outro caso é de uma adolescente de 12 anos, com comorbidades (anemia falciforme), moradora de Nazaré da Mata. Deu entrada no dia 3 de maio, na Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), apresentando um quadro de dor abdominal, icterícia e febre. A menina foi acompanhada pela equipe do hospital e já recebeu alta.

A secretaria segue prestando apoio técnico aos serviços hospitalares na realização de exames  para análise laboratorial das hepatites virais, agentes possivelmente relacionados a este tipo de hepatite e outras doenças, assim como nas investigações epidemiológicas realizadas pelos municípios de residência dos pacientes. O Estado também segue em contato com toda a rede de saúde e especialistas na área para monitoramento das ocorrências e aguarda novas atualizações por parte do Ministério da Saúde.

OUTROS
O caso mais grave no estado foi de uma adolescente de 14 anos, de Ibimirim, no Sertão, que teve de se submeter a um transplante emergencial de fígado, na sexta-feira da semana passada. Ela está bem, ainda internada no Oswaldo Cruz. Retirou, no início desta semana, a respiração por aparelhos e a sonda gástrica e pode ter alta da Unidade de Terapia Intensiva a qualquer momento.

Há ainda uma menina de 9 anos, de Casinhas, no Agreste do estado, que deu entrada, no dia 13, também no Oswaldo Cruz; uma de 11, de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, que procurou o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, no dia 14; e no, mesmo hospital, uma de três anos, de Glória do Goitá. O primeiro caso no estado foi de um bebê de Toritama, que já teve alta. Um adolescente de Salgueiro teve a suspeita descartada por ter sido testado positivamente para chikungunya , uma arbovirose transmitida  pela picada do mosquito chikungunya Aedes aegypti.

No Brasil, já passa de 70 o número de casos suspeitos, com uma morte registrada no Rio de Janeiro. O primeiro registro de um caso de hepatite aguda grave aconteceu na Europa, mas se espalhou também pelos EUA, onde se encontra boa parte dos casos atuais. E, de acordo com o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Enfermidades (ECDC) e a Organização Mundial de Saúde (OMS), os vírus comuns da hepatite não apareceram em nenhum dos casos até o momento. Por lá, a hipótese com mais força é a de que a origem desse tipo de hepatite pode ser um patógeno comum, identificado por “adenovírus 41”, que causa doença pulmonar leve. Há quem também considere que possa ser um efeito de uma infecção prévia por Covid-19.

De forma geral, os sintomas que estão sendo apresentados nas pessoas com suspeita são pele amarelada, febre e inchaço na região do abdômen. Mas caso a hipótese americana se concretize, mais alguns poderão ser incluídos na lista, a exemplo de problemas respiratórios e digestivos, assim como conjuntivite. Todos em grau leve.