Defesa de Mirtes pede R$ 987 mil de indenização Testemunhas serão ouvidas hoje, em desdobramento de ação cível contra Sarí Corte Real, acusada de abandono de incapaz, o que levou à morte de Miguel

Beatriz Venceslau
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Publicação: 02/08/2022 03:00

Mirtes Renata Santana, mãe do menino Miguel Otávio de Santana, que morreu ao cair do nono andar de um prédio luxuoso no Recife, em 2020, tem hoje outra batalha. Testemunhas de acusação e defesa do Caso Miguel serão ouvidas, a partir das 9h de hoje, na 3ª Vara Cível do Recife, no terceiro andar do Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra. A audiência fará parte da ação cível movida contra Sarí Gaspar Corte Real por danos materiais e morais, na qual é pedida uma indenização no valor de R$ 987 mil.

O processo, movido no dia 13 de agosto de 2020, teve a sua última atualização no dia 15 de setembro do ano passado. Em processo paralelo, dessa vez na esfera criminal, a mãe do menino Miguel, Mirtes Santana de Souza, vem destravando outra luta. Depois de ter recebido uma negativa da Justiça a respeito da possível prisão de Sarí, Mirtes e sua advogada Maria Clara D’Ávila confirmaram que irão recorrer da decisão. O protocolo, no entanto, ainda não aconteceu.

Miguel Otávio de Santana, à época com cinco anos, morreu ao cair do nono andar de um prédio de luxo na área central do Recife, em 2020, enquanto sua mãe, a empregada doméstica Mirtes Santana de Souz, passeava com a cachorra da patroa, a então primeira-dama de Tamandaré, Sarí Gaspar Corte Real.

Após a morte de Miguel, Sarí foi condenada por abandono de incapaz e terá que cumprir pena de oito anos e seis meses de prisão. Na sentença, porém, a Justiça permitiu que ela recorra ao processo em liberdade.

Insatisfeita, Mirtes Renata, revelou que irá recorrer dessa decisão e tentar, mais uma vez, que a prisão aconteça imediatamente. A retenção do passaporte de Sarí também será solicitada novamente, por receio, segundo a defesa da mãe de Miguel, de uma possível fuga (Sari tem também cidadania europeia).

A negativa à prisão foi assinada pelo juiz Edmilson Cruz Júnior, atual auxiliar da 1ª Vara dos Crimes Contra Criança e Adolescente, e publicada no último dia 25. A defesa de Mirtes entrou com recurso alegando que sari mudou de endereço, um dos motivos, aliás, da audiência de hoje. “Ela quebrou a fiança, porque há quase um ano não mora mais lá, e não avisou”, disse Mirtes. E criticou o Poder Judiciário. “Sarí está por aí, ninguém sabe onde. Se hoje fosse decretada a prisão dela, ninguém saberia onde ela está. Mas se fosse ao contrário, eu já estaria presa”, desabafou.

“Minha advogada reforçou o pedido da apreensão do passaporte e pediu para que fosse revista a questão da fiança. Ela se mudou e não avisou à Justiça. Cabe a prisão preventiva dela”, falou.

“O Ministério Público e o juiz negam e indeferem esse pedido. Ele diz que não há fatos novos e há. O fato dela quebrar a fiança é um fato novo. Ela está indo contra a lei. A gente vem apontando erros, mas o judiciário vem fechando os olhos”, comentou. A defesa de Sarí Gaspar Corte Real foi procurada, mas não retornou as ligações da reportagem do Diario, até o fechamento desta edição.