Barão de Lucena sem cirurgias eletivas Cremepe fará uma "interdição ética parcial" na unidade, alegando problemas no exercício do trabalho, denunciados pelo Sindicato dos Médicos

Publicação: 19/01/2024 03:00

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) anunciou, ontem, que fará uma “interdição ética parcial” no Hospital Barão de Lucena, no Recife. Com isso, serão afetados serviços de internamentos e atendimentos médicos eletivos, ou seja, os que foram marcados com antecedência, exceto os de pacientes com câncer (oncológicos). Todas as demais ações devem ser imediatamente comunicadas ao Cremepe, “acompanhadas da efetiva justificativa de sua necessidade”.

O conselho justificou que tomou a medida por causa de uma “série de graves problemas registrados após fiscalizações”. Ainda segundo o Cremepe, a decisão foi tomada por unanimidade em plenária extraordinária que ocorreu na noite da última quarta-feira. A entidade afirmou que o Barão de Lucena,  que integra a rede estadual de saúde, “sofre com um grande desabastecimento de medicamentos e insumos básicos”.

A possibilidade de interdição ética já havia sido notificada no último mês de dezembro à direção do hospital, que teve 30 dias para solucionar os problemas encontrados pela autarquia, segundo o Conselho. “Uma vez constatada a continuidade das irregularidades notificadas, a interdição tem como objetivo preservar a dignidade do atendimento à população e a segurança do ato médico”, disse  uma nota divulgada pelo conselho nas redes sociais.

SINDICATO
O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) afirmou que a medida do Conselho foi tomada após “denúncias formais feitas pelo sindicato”. O Simepe postou um texto nas redes sociais um texto que fala sobre “caos no hospital”. Também afirma que o local “expõe ao risco profissionais e pacientes que buscam atendimento na unidade de saúde”.

O sindicato afirmou que “a falta de insumos básicos e a exposição do profissional médico a jornadas excessivas e a atuação profissional sem as condições necessárias para o trabalho estão entre as principais queixas”.  

Em nota oficial, o órgão destacou, também, que não é a primeira vez que “vem a público denunciar o cenário caótico enfrentado no HBL e nos principais hospitais do Estado”.

“É inadmissível e não há como fechar os olhos à situação de abandono e desassistência que, infelizmente, se tornou corriqueira ao longo dos últimos 13 meses. Profissionais e a sociedade correm sérios riscos, seja por jornadas excessivas sem as condições mínimas necessárias, seja pela ausência de leitos e medicações básicas necessárias em unidades hospitalares para o tratamento das intercorrências”, diz a nota.

GOVERNO
Procurada pelo Diario de Pernambuco por intermédio da assessoria de comunicação, a Secretaria Estadual de Saúde não se manifestou sobre a medida anunciada pelo Cremepe e ratificada pelo Simepe até o fechamento desta edição.