CARNAVAL 2024 » Com máscaras e lanças, festa no interior A cidade de Bezerros tem como tema dos Papangus deste ano "Folia, Mistério e Magia". Em Nazaré da Mata é a vez do Maracatu Rural

Marcelle Reis

Publicação: 10/02/2024 03:00

Conhecida nacionalmente como a “Terra do Papangu”,a cidade de Bezerros fica localizada no Agreste pernambucano. É o terceiro maior polo carnavalesco do estado e tem “o maior carnaval do interior do Brasil”, segundo os organizadores.

O famoso Carnaval do Papangu 2024 vem com o tema “Folia, Mistério e Magia“, acontecendo do dia 10 e até o dia 14.

A abertura oficial da folia do município acontece neste sábado a partir das 16h, com apresentações culturais dos grupos Folc Popular e Papanguarte, além da Banda Centenária Cônego Alexandre Cavalcanti. Márcio Dukha dá sequência aos shows do dia. Após isso, também terá show de Priscila Senna.

Papangus de Bezerros
O artista plástico carnavalesco, curador do memorial do Papangu, Robeval Lima, concedeu entrevista à reportagem do Diario de Pernambuco para falar mais sobre como surgiu a tradição que percorre gerações.

Segundo Roberval, o Carnaval de Bezerros passou a ter a presença dos Papangus ainda no século 19.

“Contam os antigos que, na época, os escravos que não tinham a oportunidade de voltar, os alforriados já, eles tinham certo vínculo com as famílias tradicionais, que muitas vezes as escravas eram amas de leite; então eles resolveram se fantasiar, vestiam e visitavam a casa dos antigos senhores de engenho, brincando com batuques de forma improvisada’’.

Ele continua que também durante esse período servia-se, durante a época momesca, o angu, prato derivado dos africanos. E o nome Papangu vem daí, porque na época, dizia-se ‘você papou tudo’, que quer dizer, comeu tudo. Então, Papangu significa quem come todo o angu.

“Então essa comida ‘angu’ tem muito a ver com o nome que caracteriza os Papangus, essa modalidade que a gente tem hoje, que são mascarados e irreverentes. Então, desde aquela época, já tem relatos de pessoas antigas que diziam que já existiam os Papangus, que saíam nas ruas de Bezerros, não só em Bezerros, mas em todas as cidades circunvizinhas também, que já existia o Papangu’’.

Roberval Lima pontua que as roupas eram muito usadas nas procissões para afugentar os maus espíritos e era um tipo de papangu também.

Ainda de acordo com ele, o papangu estilizado iniciou nos anos 1990, quando começaram a criar o concurso para os mascarados.

Após isso, houve evolução, tradições e várias versões sobre o Papangu. Várias máscaras foram criadas, em que se aproveitava o que tinham para poder realizar suas fantasias e chegar até o que temos hoje, que anima e fortalece a cultura da cidade.

NAZARÉ
Os foliões já se preparam para o famoso encontro do Maracatu Rural, tradição carnavalesca do Município de Nazaré na Zona da Mata de Pernambuco; grupos de todas as localidades desfilam na cidade.

A festa momesca tem início na quinta-feira e segue até depois da Quarta-feira de Cinzas, já que haverá os chamados blocos pós-carnaval. A programação é extensa e conta com muitas apresentações e artistas.

Nazaré é a capital estadual do Maracatu, reconhecida pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e um dos orgulhos dos nazarenos. A alegria e a tradição vêm para todos os gêneros e idades; há um maracatu composto só por mulheres que é o Coração Nazareno, também há um grupo só de crianças.  

Os principais dias da folia, são as segundas e terças-feiras, nos quais se reúnem dezenas de agremiações, com destaque para o Cambinda Brasileira – o mais antigo do mundo. Além de apresentar também outros folguedos, como bois carnavalescos, blocos, cirandas e troças.

Para o Mestre Bi, que é mestre do Maracatu Estrela Brilhante, é uma alegria poder participar e colaborar com essa tradição, de grande peso cultural não só para o município, mas também para o estado.

“O Maracatu do Nazaré da Mata tem uma história muito grande, tem o Maracatu mais antigo em ininterruptos, o Campinho da Brasília de 1914. E tem 18 grupos de maracatus em atividade’’.

Mestre Bi comenta que é um sentimento inexplicável fazer parte disso e declara que há ansiedade o ano inteiro para chegar no período de carnaval.

“A gente se prepara o ano inteiro, fabricando fantasia, se preparando para brincar nos dias de folia. Então, isso aí é um marco na vida da gente aqui em Nazaré da Mata, principalmente na minha, que faço parte diretamente do Carnaval, cantando, expressando os meus sentimentos’’, diz Mestre Bi.